O gênero musical conhecido como Música Popular Brasileira (MPB) nasceu na década de 1960, durante o período da Ditadura Militar.
Trata-se de um gênero bastante diverso e amplo que passou por mudanças no decorrer das décadas. Dentro da MPB estão reunidos diferentes gêneros e regionalidades. Acompanhe e saiba mais!
O nascimento da música popular brasileira está diretamente relacionado ao golpe militar e a perda de força da bossa nova. Considera-se o marco inicial da MPB, a apresentação de Elis Regina no 1º Festival de Música Popular Brasileira, em 1965. Nessa ocasião a cantora apresentou a canção “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes.
Na segunda metade da década de 1960, nasceu também o movimento artístico conhecido como tropicalismo ou tropicália. Esse movimento levou a uma série de mudanças de expressão artística na música, cinema, poesia e artes plásticas.
A MPB surgiu como uma forma de reafirmação e valorização da música que vinha sendo produzida no Brasil. Por esse motivo, nesse gênero evita-se o uso de características relacionadas à música estrangeira, especialmente à estadunidense. Nos primeiros anos, a MPB não usava guitarra elétrica.
A MPB tinha como foco valorizar o Brasil e as suas brasilidades, o gênero musical era também um ato político. Inicialmente, as letras das músicas e o posicionamento dos artistas estavam relacionados ao Brasil daquele período. As canções, as performances e os artistas denunciavam e buscavam combater a repressão do regime militar.
Essas manifestações foram se tornando cada vez mais sutis e feitas por meio de metáforas e ironias. A censura e a perseguição da Ditadura Militar foram se intensificando no decorrer dos anos, em especial através do Ato Inconstitucional 5 (AI-5).
Um exemplo é a canção “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil. Confira um trecho abaixo:
Cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
(…)
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta?
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
(…)
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
(…)
A música popular brasileira fazia duras críticas à situação política pela qual o Brasil passava durante a Ditadura Militar. Mas, além disso, também se diferenciava de outros gêneros musicais brasileiros, como a bossa nova, por sua sonoridade e visual. Havia grande diversidade vocal na MPB.
Nesse gênero há mistura de gêneros e expressões musicais do país como um todo com influências indígenas, europeias e africanas. O samba e a bossa nova contribuíram para construir a “identidade” da MPB assim como os artistas e suas regionalidades.
Na década de 1970, artistas variados emergiram no Brasil ajudando a moldar o que seria entendido como MPB. Os baianos Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia se destacaram nesse período. Na região Nordeste, também contribuíram significativamente Elba Ramalho, Djavan, Alceu Valença e Belchior.
A região Norte do Brasil é representada por Fafá de Belém, do Pará. Já na região Sudeste, os nomes de destaque são Elza Soares, Clara Nunes e Milton Nascimento. A MPB tem como característica marcante ter vozes e estilos regionais diversos. Essa configuração é o que permitiu que esse gênero se perpetuasse ao longo dos anos.
O rock nacional ganhou muita força nas décadas de 1980 e 1990. Bandas como Kid Abelha, Titãs, Barão Vermelho e Ira! surgiram nesse período. Dentre os artistas solo de sucesso do período podemos citar Cazuza, Cássia Eller, Lulu Santos, Marina Lima, entre outros.
O rap e o hip-hop passaram a ter mais força nos anos 2000 com nomes como Gabriel, o Pensador, Racionais MC’s e Pavilhão 9. Esses gêneros influenciaram de forma indireta e direta na construção da MPB.
A música popular brasileira é um gênero vivo que está sempre se renovando a partir do surgimento de novos artistas. Nomes como Seu Jorge, Cássia Eller, Ana Carolina, Marisa Monte e os Tribalistas surgiram no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. O samba e o pagode se mantiveram fortes nos anos 2000.
Na década de 2010, cantores jovens passaram a cantar sobre seu momento social. Destacaram-se nomes como Maria Gadú, Mallu Magalhães, Duda Beat, Johnny Hooker, Liniker, Anavitória, Tiago Iorc.
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