A Venezuela está mergulhada em uma crise econômica desde 2013. Esse delicado cenário vem criando dificuldades no âmbito político também. Atualmente, há forte impasse entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição venezuelana. Continue lendo para entender qual é o motivo para tamanha crise.
Na década de 1990, Hugo Chávez, membro do Movimento Bolivariano Revolucionário 200 (movimento de esquerda), ascendeu ao poder na Venezuela. Em 1992, Chávez, que era paraquedista do exército venezuelano, fez parte de uma tentativa de golpe contra o então presidente Carlos Pérez.
Com o fracasso do golpe, Chávez foi preso e ganhou grande popularidade no país. Rafael Caldeira, o sucessor de Pérez, libertou Chávez. Em 1998, Chávez foi eleito presidente adotando um discurso em que criticava acidamente outros políticos e prometia refazer a democracia venezuelana.
Nesse contexto, havia os defensores do chavismo devido à distribuição de renda e combate à fome. Mas, também surgiram os que se mostraram contrários pela radicalização do governo. Em 2002, houve uma tentativa de tirar Chávez a força do poder.
Em 2013, Hugo Chávez faleceu devido a um câncer e Nicolás Maduro, o vice, assumiu provisoriamente o cargo de presidente. Maduro se tornou presidente oficialmente após vencer, numa disputa acirrada, Henrique Caprilles nas eleições eleitorais. A partir de então, a crise econômica na Venezuela escalonou.
O principal fator que levou a Venezuela a mergulhar numa crise econômica tão grave foi a desvalorização do petróleo no mercado internacional, a partir de 2014. No começo do século XX, foram descobertas reservas de petróleo no país e desde então esse recurso se tornou sua principal fonte de riqueza.
A Venezuela é o país que possui as maiores reservas de petróleo do mundo e é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). É importante salientar que todos os ganhos sociais obtidos, durante o governo chavista, foram financiados pelo dinheiro do petróleo.
A Venezuela se tornou um país extremamente dependente do petróleo, que é uma commodity (produto cujo valor é baseado pela oferta do mercado internacional). O país não investiu em sua própria indústria e agricultura. Logo, o país precisava comprar tudo aquilo que não produzia.
O marco inicial da crise econômica na Venezuela foi a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional. O preço do barril, em junho de 2014, era de US$111,87. Em janeiro de 2015, o valor era de US$48,07. O PIB venezuelano apresentou queda de quase 4% em 2014.
O abastecimento do mercado venezuelano foi bastante afetado pela queda do valor do petróleo. Sem recursos, o governo deixou de adquirir itens básicos para o dia a dia da população.
Em paralelo, o governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, impôs diversas sanções econômicas à Venezuela, em 2017. A motivação para as sanções seria o autoritarismo de Nicolás Maduro.
As sanções tornaram a situação econômica ainda mais delicada e forçaram a Venezuela a diminuir a quantidade de petróleo que exportava. A má gestão da Petróleos de Venezuela, a empresa petroleira estatal, também tem relação com essa redução.
Tornou-se comum a falta de itens básicos como alimentos, medicamentos e até papel higiênico na Venezuela. Esses produtos não são encontrados com facilidade nos supermercados e quando são encontrados apresentam preços elevados.
Milhares de venezuelanos começaram a passar fome. O número de mães que entrega seus filhos para as autoridades, por não ter condições de sustentá-los, cresceu exponencialmente. A crise econômica, política e humanitária fez com que milhares de venezuelanos buscassem refúgio nas nações vizinhas.
O governo de Nicolás Maduro se alinhou ainda mais com o perfil do autoritarismo. A oposição, que já era forte contra Chávez, se intensificou nesse cenário de crise. Em 2015, a oposição conseguiu eleger um número mais expressivo de parlamentares. Isso gerou mais pressão sobre Maduro.
Em 2017, Maduro tentou convocar uma Constituinte para a redação de uma nova Constituição para a Venezuela. Contudo, a oposição não lançou nenhum candidato para se eleger por esse modo. Dessa forma a convocação da Constituinte passou a ser acusada de ter sido fraudada pelo governo.
As ruas da Venezuela foram tomadas por protestos contra o governo de Maduro. O governo reprimiu essas manifestações de forma violenta. Os opositores do governo passaram a ser perseguidos e presos.
Em 2018, a oposição estava enfraquecida em decorrência da perseguição realizada pelo governo de Maduro que se reelegeu com quase 68% dos votos. O candidato derrotado de oposição foi Henri Falcón. Houve forte denúncia de fraude e a eleição não foi reconhecida por parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil.
Em 2019, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, autoproclamou-se presidente da Venezuela durante o período de transição de poder. Maduro rejeitou o anúncio de Guaidó, porém, parte da comunidade internacional o reconheceu como presidente.
Estando apoiado pelas Forças Armadas venezuelanas, Maduro se mantém no poder. É importante salientar que Maduro oferece contrapartidas para os militares que o apoiam. Essa situação gera a ameaça de guerra e de uma intervenção dos Estados Unidos na Venezuela.
Esse é o cenário da crise econômica e política que assola a Venezuela. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!