O tema vacina x soro está em alta devido à pandemia de coronavírus, em que há uma verdadeira corrida em busca da produção de uma vacina eficiente contra a Covid-19. Os dois métodos são chamados de imunobiológicos, mas possuem funções distintas no contexto de prevenção e tratamento de doenças. Continue lendo para entender essas diferenças e conheça a função da vacina e do soro.
Tanto a vacina quanto o soro são agentes imunizadores produzidos a partir de organismos vivos, por esse motivo, são chamados de imunobiológicos. No entanto, eles possuem focos diferentes, as vacinas objetivam estimular a produção de anticorpos em nosso organismo como uma forma de proteção contra a contração de determinada doença. Trata-se de uma imunização ativa.
Por sua vez, os soros oferecem anticorpos produzidos em outro organismo vivo com o objetivo de combater uma doença ou intoxicação já instalada. Os soros são muito importantes para o tratamento de contato com peçonha de cobras e aranhas, além de serem uma possibilidade de tratamento para toxinas bacterianas e para casos de rejeição de órgãos transplantados (soro antitimocitário). Logo, consiste em uma imunização passiva.
A grande diferença entre vacina e soro é que a primeira possui antígenos inativados ou atenuados que visam estimular a produção de anticorpos contra uma determinada doença, ou seja, dispara um alerta para o sistema imunológico fazer o trabalho de produção. O soro já conta com os anticorpos prontos porque tem função de cura e não de prevenção.
É importante destacar que as vacinas possuem agentes infecciosos inanimados que não são capazes de produzir a contaminação pela doença, apenas criar uma memória celular de defesa. Após receber a vacina, o organismo do indivíduo desenvolve a capacidade de se defender caso seja invadido pela doença efetivamente. Vacinas são utilizadas como forma de prevenção de doenças bacterianas e viroses.
A forma como as vacinas são produzidas também é diferente em relação ao processo de produção dos soros. Como já mencionado, elas são fabricadas a partir de micro-organismos inativos ou das suas toxinas. O processo em geral consiste em: fermentação, detoxificação e cromatografia.
Conheça alguns tipos de vacinas aplicadas no Brasil:
Conhecida como a vacina que deixa uma marquinha no braço, a BCG deve ser aplicada o mais rapidamente possível a partir do nascimento, no entanto, pessoas de todas as idades podem tomar. É fabricada a partir de bacilos vivos advindos de cepas atenuadas de Mycobacterium bovis.
É confeccionada a partir de processo de engenharia genética usando técnica de DNA recombinante com a presença do antígeno de superfície do vírus da hepatite C (HbsAg). É indicado que seja administrada a partir do nascimento.
Uma vacina que possui versões atenuadas de vírus contra as três doenças. O indicado é a aplicação a partir de 12 meses de idade em uma dose única, sendo recomendado tomar uma segunda dose a partir da adolescência.
Fabricada a partir de vírus vivos atenuados, pode ser aplicada a partir dos seis meses de vida e, também, em moradores de regiões endêmicas ou que desejem viajar para tais regiões.
Essa vacina é produzida utilizando cepas virais relacionadas a epidemias da doença ocorridas em período imediatamente anterior ao seu fabrico. Vacinas que possuem vírus inativados podem ser aplicadas em crianças a partir dos seis meses de idade.
A imunização dos soros é feita de forma passiva porque consiste na inoculação de anticorpos produzidos previamente em outro organismo vivo. Os soros são utilizados em casos em que a contaminação já ocorreu com o objetivo de promover a cura. Entre os soros mais conhecidos estão os antiofídicos, cuja ação é de neutralização de toxinas da peçonha de animais, como cobras e aranhas.
Quando uma pessoa é picada por um animal peçonhento, deve ser encaminhada para o serviço de saúde mais próximo. Cada tipo de toxina possui um soro específico de tratamento, por isso é que, se possível, é válido levar o animal agressor morto ou uma imagem dele para que seja identificado o tipo de peçonha.
Porém, existem outros soros utilizados para o tratamento de doenças, como o botulismo, difteria, raiva e tétano, assim como os já mencionados soros antitimocitários (para tratar uma eventual rejeição de um órgão transplantado).
O método de produção do soro utiliza o corpo de outro ser vivo de grande porte para a produção dos anticorpos. O processo consiste na injeção do antígeno, em doses controladas, no organismo de um animal de grande porte, geralmente são utilizados cavalos, para que os anticorpos sejam produzidos. Cavalos são animais indicados para esse tipo de procedimento por capacidade de resposta rápida à ação de toxinas e pelo grande volume de sangue rico em anticorpos.
A partir do momento em que os anticorpos foram produzidos, parte do sangue do animal é extraída para realizar a separação do plasma que passa por uma análise de qualidade. Estando tudo certo, as hemácias, plaquetas e leucócitos extraídos do animal são novamente injetados no mesmo. O soro tem função de cura e não de prevenção.
Vacinas e soros são muito importantes para a prevenção e tratamento de doenças, respectivamente, tendo cada um a sua função.
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