Sabe quando você está lendo um texto e tem certeza de que ele está referenciando outro conteúdo que você já leu? Essa relação ou influência existente entre diferentes conteúdos recebe o nome de intertextualidade.
A relação entre as diferentes produções pode ocorrer através de elementos como forma ou conteúdo ou então ambos. A seguir falaremos a respeito desse conceito e as formas como ele pode se manifestar. Acompanhe!
A intertextualidade nada mais é do que a existência de diálogo entre diferentes produções textuais. Essa relação pode se estabelecer entre produções textuais de diferentes formatos, como escrito, auditivo ou visual. Pode ser aplicada em diferentes setores das artes, na publicidade, nas charges, televisão, entre outros.
Como mencionamos, a intertextualidade pode se manifestar em diferentes formas. A seguir falaremos mais sobre seus tipos e como identificá-los observando suas características.
Paródia é uma palavra derivada do termo grego “parodès”, que, por sua vez, é formado pela junção de “para” (que significa semelhante) e “odes” (que significa canto). Dessa forma, paródia consiste em um canto (ou poesia) que se parece com outro.
Uma característica marcante é que se trata de uma perversão de outra produção textual. Em geral, faz uma crítica irônica ao texto original. Programas de humor usam bastante o recurso da paródia.
A paráfrase é uma palavra que também tem origem grega, mais precisamente do termo “paraphrasis” (que significa a repetição de uma setença). Basicamente, se trata da recriação de um texto preservando seu sentido original, porém, com outras palavras.
Por exemplo:
Texto original: Cláudia sabia muito bem que suas atitudes eram erradas, mas prosseguiu assim mesmo.
Texto parafraseado: Ainda que tivesse ciência de que suas atitudes eram erradas, Cláudia continuou.
Epígrafe é uma palavra originada do grego “epígrafhe”, que é formado pelos vocábulos “epi” (que indica posição superior) e “graphé” (escrita). Indica a adição de uma frase ou de um parágrafo ao o que está sendo apresentado pelo texto original. Esse recurso é muito usado em textos científicos, como resenhas, monografias, entre outros.
Em geral, os autores de monografias escolhem frases de autores célebres para encerrar seus textos como, por exemplo: “O que prevemos raramente ocorre; o que menos esperamos geralmente acontece.” (Benjamin Disraeli).
Originária do latim “citare” (que significa convocar), a citação nada mais é do que o acréscimo de partes de outras produções textuais para estabelecer um diálogo. Em geral, as citações são acrescentadas ao texto com o uso de aspas e em itálico, assim, fica claro que as palavras utilizadas são de outro autor. Esse recurso de diferenciação é fundamental para não acabar plagiando outras obras.
Em matérias jornalísticas a respeito de determinados acontecimentos, é possível encontrar citações, como, por exemplo: De acordo com o geólogo responsável pela pesquisa: “As pedras encontradas datam de…”. A fala do geólogo é citada para dar base ao texto.
Alusão é uma palavra que se originou do latim “alludere”, que, por sua vez, é formado pela soma dos termos “ad” (para) e “ludere” (brincar), ou seja, “para brincar”. Esse tipo de intertextualidade pode ser chamado também de referência porque referencia – direta ou indiretamente – outro texto.
Um exemplo bem corriqueiro é quando alguém diz “Fulano me deu um presente de grego”. A intertextualidade está na referência à Guerra de Troia e o verdadeiro presente de grego, um cavalo de madeira recheado de soldados prontos para invadir Troia.
A palavra pastiche vem do latim “pasticium”, cujo significado é “feito de massa ou amálgama de elementos”. Nesse caso, o autor do pastiche assume que está imitando o estilo de outro escritor.
Diferentemente da paródia, não há o desejo de criticar ou ironizar o texto fonte. A obra “Capitu – Memórias Póstumas”, de Domício Proença Filho, é um exemplo de pastiche da obra de Machado de Assis.
Sample é um termo em inglês que se tornou popular no Brasil devido a sua grande presença na música contemporânea, pode ser traduzido como “amostra”. Você já deve ter ouvido uma música e teve a certeza de que já escutou um determinado trecho em outra canção. Isso é “samplear” (expressão aportuguesada), ou seja, usar trechos de outras obras musicais. Um exemplo é a música “Positivity” do grupo Black Eyed Peas, que possui sample da música “Cinco Minutos” de Jorge Ben Jor.
A palavra tradução vem do latim “traducere”, que significa mudar, converter, guiar ou transferir. A tradução consiste na produção de um novo texto a partir de um texto fonte de outra língua. O novo texto é equivalente ao texto fonte, mas em outro idioma. A tradução é bastante comum no universo literário, muitos livros são publicados em vários idiomas.
A bricolagem consiste na construção de um texto a partir da “colagem” de trechos de diferentes produções. Esse tipo de texto pode ser feito partindo de fragmentos de outros textos. Esse é o tipo de intertextualidade que mais se assemelha ao conceito de hipertexto. A bricolagem é muito usada na música e na pintura.
Agora você já conhece os diferentes tipos de intertextualidade! Confira mais conteúdos como este navegando pelo blog do Hexag!