Eça de Queiroz, cujo nome também pode ser grafado como Eça de Queirós, foi um escritor português nascido em Póvoa do Varzim, no dia 25 de novembro de 1845. Seu nome é tido como o mais relevante da escola realista de Portugal.
Queiroz é autor dos polêmicos livros “O crime do Padre Amaro” e “O primo Basílio”. Ele também foi advogado e diplomata. Continue lendo para saber mais sobre esse escritor e sua trajetória.
Os pais de Eça de Queiroz não eram casados e seu nascimento foi considerado escandaloso para os padrões moralistas de 1845. Por esse motivo, o escritor foi batizado em outra cidade, Vila do Conde. O pai brasileiro e a mãe portuguesa se casaram quando o filho já tinha quatro anos de idade. Até 1849, viveu com os avós paternos.
Em 1855, tornou-se aluno do colégio interno da Lapa, na cidade do Porto. Após seis anos de estudos no colégio interno, deu início ao seu curso de Direito na cidade de Coimbra. Formou-se em Direito em 1866 e, então, se mudou para Lisboa, cidade onde morou na casa de seus pais. Então, começou a trabalhar como jornalista.
Ainda em 1866, passou a escrever para a Gazeta de Portugal e se mudou para a cidade de Évora. Passou então a dirigir o jornal Distrito de Évora, que tinha inclinação política. Voltou a residir em Lisboa em 1867, para integrar o Cenáculo, um grupo formado por intelectuais que debatiam política, arte e ciência.
Dois anos depois, em 1869, realizou uma viagem à Palestina, Síria e Egito. Essa viagem deu origem a relatos que foram publicados em 1870 no Diário de Notícias de Lisboa. Também nesse ano se tornou Administrador do Concelho de Leiria.
Foi nomeado cônsul em 1872 e tomou posse em Havana. Em 1873, realizou viagens para o Canadá, Estados Unidos e América Central. No ano seguinte, em 1874, foi transferido para o consulado de Newcastle upon Tyne, na Inglaterra. Já em 1878 foi para o consulado inglês de Bristol.
Eça de Queiroz passou a escrever para a Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro no Brasil, em 1880. Em 1883, passou a ser sócio-correspondente da Academia Real das Ciências. Em 1885, visitou o escritor Émile Zola (1840-1902), em Paris, na França.
Em 1885, assumiu noivado com a aristocrata Emília de Castro (1857-1934), o casamento aconteceu no ano seguinte. Em 1888, Eça foi nomeado cônsul em Paris. O casal teve quatro filhos antes do falecimento do escritor em 1900, em Paris.
O escritor Eça de Queiroz é um dos nomes mais relevantes do Realismo português. As obras literárias do escritor apresentam as seguintes características:
– Ampla descrição;
– Antirromantismo;
– Linguagem objetiva;
– Crítica sociopolítica;
– Forte crítica à elite burguesa;
– Ausência de idealizações;
– Adultério como tema;
– Foco no presente;
– Profunda análise psicológica;
– Análise dos comportamentos coletivos.
As duas obras de maior destaque da carreira literária de Eça de Queiroz são “O crime do Padre Amaro” e “O primo Basílio”. Conheça melhor as obras a seguir.
Esse romance foi escrito durante a fase mais naturalista de Eça de Queiroz. Amaro é um jovem que, ao se tornar órfão, recebe a ajuda da patroa de seus pais, a marquesa de Alegros.
Como agregado à família, se vê obrigado a cumprir o destino preparado para ele, o sacerdócio. Mesmo sem vocação para ser padre, é ordenado e tenta conter seus impulsos sexuais para cumprir essa função.
Apesar de devoto, Amaro detesta a vida eclesiástica. Como uma forma de tornar tudo mais suportável, consegue ser transferido do interior para Leiria. A obra aborda a corrupção do clero que se curva à vontade dos mais ricos.
O cônego Dias sugere a Amaro que alugue um quarto na casa da senhora Joaneira, que tinha uma filha chamada Amélia. Amaro e Amélia sentem uma atração mútua, motivo que leva a moça a perder o interesse por seu noivo João Eduardo.
Após descobrir que o cônego Dias tem um caso com Joaneira, Amaro perde os escrúpulos e investe na relação com Amélia. João Eduardo cria um jornal anônimo para denunciar o romance proibido. Tendo sido descoberto, o ex-noivo de Amélia é mandado embora de Leiria.
O romance “O primo Basílio” é uma das obras mais relevantes do realismo e tem o adultério como tema. Na época em que o livro foi escrito, no século XIX, esse tema era um tabu, sendo considerado escandaloso.
Um dos desejos dos autores realistas era desmistificar o amor romântico. Enquanto no Romantismo os personagens encontravam a realização no casamento, no Realismo a felicidade conjugal era uma mentira.
O livro tem como foco o triângulo amoroso formado por Jorge, Luísa e Basílio. O bem-sucedido engenheiro de minas, Jorge, é casado com Luísa. O casal mora em Lisboa e tem tudo que precisa para ser feliz de acordo com os padrões do período. Em um dado momento, Jorge precisa viajar a trabalho para Alentejo. Nessa ocasião, o primo de Luísa, Basílio, retorna de viagem.
Basílio é um homem rico que não respeita os sentimentos alheios e não tem dificuldades de conquistar a prima. Luísa, então, se torna adúltera. Tudo se complica quando Juliana – a empregada de Luísa que é descrita como solteirona e feia – descobre o romance adúltero. Tomando posse de cartas que provam o romance proibido, a doméstica passa a chantagear e humilhar Luísa.
Com a ajuda de um amigo da família, Luísa consegue se livrar da empregada. No entanto, ela fica doente e Basílio sem saber disso envia uma carta. Jorge lê e descobre que foi traído. A jovem que adorava romances românticos acaba tendo um fim trágico sem encontrar a tão sonhada felicidade.
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