Criado em 1998, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) faz parte da vida dos estudantes que desejam uma vaga no ensino superior há mais de duas décadas. Atualmente, o exame é um dos mais importantes para quem deseja ingressar em diferentes universidades. Continue lendo e conheça mais sobre a história.
Em 1998, durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi criado pelo Ministério da Educação o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O objetivo, como o próprio nome sugere, era avaliar a qualidade do ensino no Brasil.
Nesse primeiro momento não se pensava em utilizar as notas do exame para ingressar no ensino superior ou conquistar bolsas de estudos. Dessa forma, a estrutura da prova era bem diferente do que conhecemos hoje. Uma breve contextualização ajuda a entender por que o MEC decidiu criar essa avaliação.
O Governo Federal, antes da criação do Enem, tinha grandes dificuldades para avaliar a qualidade do ensino médio das redes pública e privada. Não havia indicadores que tornassem possível realizar uma análise mais profunda e real. Dessa forma, era difícil delinear estratégias de melhora.
O Enem foi criado para avaliar o conhecimento dos estudantes formandos do ensino médio, o antigo 2º grau. A ideia era aplicar uma prova que verificasse se esses estudantes tinham adquirido os conhecimentos básicos esperados.
Inicialmente, o Enem era realizado como uma prova única com 63 questões (divididas entre as diferentes disciplinas) e uma proposta de redação dissertativa. As questões eram bem mais simples e os estudantes tinham um período de 5 horas e 30 minutos para concluir o exame.
No dia 20 de agosto de 1998, o primeiro Enem foi aplicado em 184 municípios de todo o Brasil. Nessa primeira edição houve a participação de 115.575 estudantes, dos quais apenas 9% era de estudantes de escolas públicas. Já existia a possibilidade de utilizar a nota para ingressar em duas instituições de ensino superior.
O Enem mudou consideravelmente desde a sua primeira edição em 1998. Confira a seguir quais foram essas mudanças.
O sucesso do Enem do primeiro para o segundo ano de aplicação é evidente, pois subiu de 2 para 93 o número de instituições de ensino que passaram a aceitar o exame como substituto do vestibular. Os Correios também contribuíram, oferecendo mais de 7 mil agências para que os candidatos pudessem se inscrever.
Com a implementação de algumas ações de acessibilidade, em 2000, foi possível que 76 estudantes com deficiência participassem do exame. Em 2001, já era possível se inscrever pela internet. No mesmo ano, o número de isenções de taxa de inscrição aumentou, beneficiando 82% dos candidatos.
A taxa de adesão dos alunos que estavam se formando no ensino médio passou da metade do total em 2002. As provas foram aplicadas em 600 municípios e teve mais de 1,8 milhão de participantes. Além disso, em 2003, foi criada a categoria de “treineiros” para identificar os estudantes que ainda não tinham concluído ou estavam em processo de conclusão do ensino médio.
O acesso ao ensino superior através do Enem aumentou a partir de 2004, com a criação do Prouni, que utilizava essa nota como critério para concessão das bolsas de estudos.
Aumentou consideravelmente o número de inscritos provenientes de famílias com renda menor do que dois salários mínimos, isso demonstrou a maior acessibilidade da população mais carente. No ano de 2008, o número de inscrições passou da marca de 4 milhões de pessoas.
Em 2009, foi criado o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) que atribui maior responsabilidade ao Enem. As questões passam a ter um nível de exigência mais alto, já que o exame realizará o processo de seleção para o ensino superior. O Enem passou a ter 180 questões distribuídas por grandes áreas do conhecimento (não há mais o isolamento por disciplinas) além da redação.
Até 2012, o Enem foi um dos requisitos para conquistar o financiamento estudantil através do FIES. A isenção da taxa de inscrição contemplou 70% dos mais de 5 milhões de candidatos.
O crescimento do Enem continuou e ele passou a ser utilizado para selecionar bolsistas para o programa Ciência sem Fronteiras. Em 2014, o exame passou a ser aceito por duas universidades de Portugal*. Houve em paralelo o aumento da segurança, sendo utilizados detectores de metal e a coleta de dados biométricos dos candidatos.
*Atualmente, o Enem é aceito em mais de 35 instituições de ensino de Portugal.
Em 2017, através de consulta pública, ficou decidido que o Enem não iria mais ser realizado em dois dias consecutivos e sim com um intervalo de uma semana entre uma prova e outra.
Em 2018, o Enem completou 20 anos de existência, ganhando como presentes uma logomarca comemorativa, um documentário histórico, além de uma série de mini documentários. O segundo dia de provas passou a contar com meia hora a mais.
O Enem foi criado por uma equipe que desejava avaliar a qualidade da educação em nosso país e desde então apenas evoluiu.