Compreendendo o polissíndeto: análise dessa figura de estilo

A figura de linguagem conhecida como polissíndeto é um recurso estilístico de escrita que está categorizado como uma figura de sintaxe. Caracteriza-se pelo uso de síndetos, isto é, de elementos conectivos (conjunções) em períodos compostos. No artigo a seguir explicaremos mais sobre essa figura de estilo.

O que é polissíndeto?

O polissíndeto é uma figura de linguagem classificada como figura de sintaxe ou de construção. Tem como principal característica o uso de síndetos, isto é, elementos conectivos (conjunções) em períodos compostos. 

As orações coordenadas sindéticas são formadas pelo polissíndeto. Destacam-se dentre os elementos mais usados: e, ou, nem. É uma figura de sintaxe muito usada por adicionar riqueza estilística, especialmente em poesias e músicas. 

A repetição das conjunções gera uma sensação de acréscimo, continuidade e sucessão. O texto ganha mais expressividade com a aplicação desse recurso. Trata-se de um recurso que pode intensificar o discurso.  

O que são figuras de sintaxe?

São também conhecidas como figuras de construção e estão relacionadas à estrutura das frases. Esses recursos estilísticos subvertem propositalmente as normas da língua culta. Dentre as principais ocorrências estão desvios semânticos, ortográficos e sintáticos. O polissíndeto é uma dessas figuras, mas não a única. 

Conheça outras figuras de sintaxe:

  • Assíndeto – caracteriza-se pela omissão das conjunções;
  • Elipse – consiste na omissão de um termo enunciado ou sugerido anteriormente na oração ou contexto; 
  • Zeugma – tipo de elipse em que um termo mencionado anteriormente é omitido; 
  • Anacoluto – dá ênfase para uma ideia ou pessoa do discurso; 
  • Hipérbato – baseia-se na troca da ordem direta dos termos da oração;
  • Silepse – é também chamada de concordância ideológica, pode dizer respeito ao gênero, número e pessoa;
  • Pleonasmo – repetição de ideias para enfatizá-las;
  • Anáfora – repetição de uma mesma palavra ou expressão no começo de frases ou versos consecutivos.

Confira exemplos de polissíndeto 

Reunimos abaixo alguns exemplos de polissíndeto em músicas e poesias:

  • “Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,/Porque o presente é todo o passado e todo o futuro.” (Ode Triunfal de Fernando Pessoa). 
  • “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga)
  • “Do claustro, na paciência e no sossego,/Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!” (“A um poeta” de Olavo Bilac). 
  • “As ondas vão e vem/ E vão e são como o tempo.” (Música “Sereia” de Lulu Santos).
  • “Enquanto os homens exercem seus podres poderes / Índios e padres e bichas, negros e mulheres e adolescentes fazem o carnaval” (Caetano Veloso)
  • “Ilha cheia de graça / Ilha cheia de pássaros / Ilha cheia de luz.” (Cassiano Ricardo). 

Polissíndeto x Anáfora

Assim como o polissíndeto, a anáfora é uma figura de sintaxe que se baseia na repetição. A diferença entre os dois recursos estilísticos é que a última consiste numa repetição de palavras ou expressões e não apenas de elementos conectivos. Normalmente, a anáfora é usada no começo das frases. 

Confira a seguir um exemplo: 

“E o olhar estaria ansioso esperando

E a cabeça ao sabor da mágoa balançando

E o coração fugindo e o coração voltando

E os minutos passando e os minutos passando…”

 (“O olhar para trás”, Vinícius de Moraes)

No trecho acima temos um exemplo do uso das duas figuras de linguagem através da repetição da conjunção “e”. 

Polissíndeto x assíndeto: quais são as diferenças? 

O assíndeto é o oposto do polissíndeto, trata-se de uma figura de linguagem que se caracteriza pela omissão da conjunção coordenativa. Confira abaixo alguns exemplos:

  • Flora não gostava nem de matemática, nem de física, nem de português.  (Polissíndeto).
  • Fabio gostava de cantar, ler, escrever, viajar, passear com os amigos.  (Assíndeto)

Confira outro exemplo de assíndeto:

“Acordo para a morte.

Barbeio-me, visto-me,

calço-me”

(Carlos Drummond de Andrade)

Observe que a omissão de conectivos nessa frase transmite a sensação de que as ações se repetem indefinidamente. É um recurso estilístico interessante para dar ritmo ao texto que está sendo apresentado. O fim das ações desse trecho chegará apenas quando o eu lírico morrer. 

Confira outro exemplo de polissíndeto:

Aquele dia foi um desastre, nem o buffet chegou, nem os principais convidados compareceram, nem havia bebidas, nem as luzes funcionaram, nem as flores eram bonitas.

Perceba que a repetição do termo “nem” dá ênfase à constância dos acontecimentos ruins e da carga dramática. Fica evidente que o dia foi um grande fiasco, se o autor optasse pelo uso de pontuações talvez não conseguisse expressar esse sentimento. 

Origem do termo polissíndeto

A palavra polissíndeto tem sua origem no termo grego “polysýndeton”. É formado pelo vocábulo “polýs” (muitos) e verbo “syndéo” (ligar, unir). Dessa forma, polissíndeto significa “muitas ligações”. Esse nome faz todo sentido, pois essa figura se caracteriza pela repetição de conjunções para fazer conexões. 

Gostou de saber mais sobre a figura de linguagem polissíndeto? Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!

Retornar ao blog

Gostaria de ajuda ou precisa
falar com a nossa equipe?