Em 1348 foi deflagrada a pandemia conhecida como peste negra causada pelo bacilo Yersinia pestis. O espalhamento da doença foi um dos fatos que caracterizaram a crise da Baixa Idade Média juntamente com as revoltas camponesas do século XIV e a crise do sistema feudal.
A pandemia de peste bubônica ocorrida na Ásia e Europa, no século XIV, é conhecida como peste negra. O agente causador da doença era a bactéria Yersina pestis transmitida por pulgas e ratos domésticos ou através do contato com outras pessoas contaminadas.
A Europa foi acometida pela pandemia entre os anos de 1347 e 1353. Estima-se que um terço da população do continente morreu devido à doença. No entanto, os números são imprecisos variando entre 25 e 100 milhões de óbitos. A precariedade da higiene foi um dos fatores de propulsão para a pandemia.
Para muitos historiadores a peste negra teve sua origem na Ásia, especificamente na China. O agente causador da doença teria chegado à Europa através de caravanas comerciais que se dirigiam para cidades portuárias do Mar Mediterrâneo como Veneza e Gênova.
O movimento comercial nessas cidades era intenso e também havia grande concentração demográfica. Cerca de um quarto da população da Europa foi a óbito em decorrência dessa doença. Essa pandemia gerou uma das maiores quedas demográficas da história.
Os principais agentes de transmissão da doença, no começo da pandemia, eram pulgas e ratos. Como nesse período as condições sanitárias e de higiene eram precárias, esses agentes se proliferavam com facilidade.
Na fase mais crítica, a contaminação passou a ocorrer por via aérea. O bacilo era transmitido pelo ar através de espirros ou tosse.
Um dos sintomas da infecção pelo bacilo era o surgimento de manchas negras na pele das pessoas. Por esse motivo, a peste era chamada de negra.
Contudo, também se tornou conhecida como peste bubônica. Esse outro nome deriva dos bubões ou bubos, inchaços infecciosos no sistema linfático principalmente na virilha, pescoço e virilha.
No período da peste negra, as cidades contratavam médicos para cuidar dos doentes. Esses indivíduos nem sempre eram habilitados ou tinham estudos formais de medicina. Porém, independente disso eram aceitos porque ofereciam a esperança de cura.
Embora as máscaras de couro e com um longo bico semelhante ao de uma ave sejam associadas à Idade Média, somente se popularizaram no século XVII. Essas máscaras possuíam ervas aromáticas internamente para a prevenção do contágio. Por muito tempo acreditou-se que a transmissão da doença ocorria através do mau cheiro.
As ervas ajudavam os médicos a suportar o odor fétido da putrefação dos cadáveres. Esses médicos eram contratados pelas cidades tanto para cuidar dos doentes como para contabilizar os óbitos e avisar as autoridades sobre novos focos da doença. Durante as epidemias, esses médicos ganhavam muito dinheiro, mas nem todos sobreviviam.
Não existiam medicamentos efetivos para o tratamento da peste negra. A única medida que podia ser tomada era isolar o doente. Porém, mesmo assim o contágio alcançou e matou habitantes de aldeias inteiras. Mosteiros foram esvaziados e as populações ficaram muito assustadas.
As regiões afetadas tinham o isolamento decretado, algo facilitado pelo fato de que muitas cidades, na Idade Média, eram amuralhadas. Também era adotada como medida acender fogueiras e queimar ervas para a fumaça ajudar a levar a doença embora. Eram utilizados também remédios cozidos feitos de verbena e valeriana.
Os principais fatores que levaram ao fim da peste negra foram:
Os contágios diminuíram com essas medidas. No entanto, a peste negra não foi totalmente eliminada. Surtos da doença foram registrados até o começo do século XX.
Paralelamente a peste negra, França e Inglaterra travavam a Guerra dos Cem Anos. Os dois fatores levaram a uma série de mudanças sociais e econômicas na Baixa Idade Média.
Houve significativo decréscimo demográfico na Europa devido às mortes causadas pela peste negra. Essa redução foi intensificada por outras epidemias como a de sarampo, gripe, rubéola, entre outras.
A Europa passou por um período de falta de mão de obra nos campos, isso acarretou redução da produção agrícola. Para compensar as perdas, os senhores feudais aumentaram os impostos dos servos. Essa atitude levou a diversas revoltas camponesas que mexeram com as estruturas da sociedade medieval.
Muitos servos deixaram o campo para viver nas cidades em busca de trabalho e recursos. O poder da burguesia começou a crescer e deu início a crise do sistema feudal. Nasciam assim as bases da revolução burguesa.
Surgiram diversas ordens religiosas flagelantes que realizavam mutilações dos fiéis em busca do perdão dos pecados. A venda de indulgências (perdão dos pecados) pela Igreja Católica cresceu nesse período. As pessoas desejavam garantir uma boa morte.
A atmosfera de medo e morte criada pela peste negra se refletiu na cultura medieval. Há muitas pinturas desse período em que é representada a chamada “dança da morte” ou “dança macabra”. Pessoas de diferentes ordens sociais eram representadas juntas dançando com esqueletos que representavam o poder de destruição da morte.
A literatura europeia também foi influenciada, sendo que há vários relatos da peste e do seu impacto. Uma das principais obras desse período é o livro “Decameron”, do italiano Giovanni Boccaccio.
Agora você conhece mais sobre a peste negra. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!