Os agrotóxicos têm sido amplamente utilizados pelo agronegócio ao redor do mundo há muito tempo. No entanto, esses produtos se encontram no centro de importantes debates relativos à interferência na qualidade dos alimentos e também da causa ambiental. A seguir iremos explicar melhor o uso dos agrotóxicos no Brasil e no mundo.
Os agrotóxicos também são conhecidos como praguicidas, defensivos agrícolas, biocidas, pesticidas, produtos fitofarmacêuticos, agroquímicos ou produtos fitossanitários. Podem ser produtos químicos, biológicos ou físicos que têm o objetivo de evitar o surgimento de pragas e doenças.
Esses itens são empregados na produção agrícola para cuidar das pastagens. No Brasil, os agrotóxicos percorrem um longo processo de regulação até que possam ser livremente utilizados.
Os agrotóxicos são divididos em categorias conforme as pragas que combatem, confira a seguir.
Bastante utilizados na agricultura, os agrotóxicos são particularmente empregados nas monoculturas. O objetivo é aumentar a produtividade e combater pragas que prejudicam a produtividade. Podem ser utilizados em produções de todos os portes, das menores até aquelas com inúmeros hectares.
O ponto em debate sobre os agrotóxicos diz respeito ao uso excessivo desses produtos. Quando utilizados incorretamente, esses compostos podem gerar uma série de danos ao meio ambiente e também à saúde das pessoas. O Brasil apresenta uso mais significativo de agrotóxicos nas plantações de soja, algodão, cana-de-açúcar e milho.
Entre os anos de 2013 e 2015, a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) realizou uma pesquisa referente aos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. Os resultados foram alarmantes, pois permitiram identificar altas concentrações de agrotóxicos em grande parte do que é consumido. Os alimentos que apresentam maior risco de contaminação aguda por agrotóxicos são abacaxi, laranja, uva e couve.
Os estudos da pesquisa não detectaram um risco potencial para a saúde dos consumidores. No entanto, o cenário muda quando se observa os agricultores envolvidos no processo de produção. Como boa parte dos trabalhadores rurais não segue corretamente as recomendações de uso dos agrotóxicos, podem ser contaminados pelas substâncias.
Os agrotóxicos podem estar presentes tanto nos alimentos de origem vegetal quanto nos de origem animal, como ovos, leite e carnes. A Anvisa recomenda que os consumidores, sempre que possível, deem preferência para os produtos de origem orgânica. Esses itens são produzidos sem o uso de defensivos agrícolas. Também é importante lavar corretamente os alimentos antes do consumo.
O Brasil é um país com grande potencial para o agronegócio e isso contribui para colocá-lo em uma posição de destaque no que diz respeito à comercialização de agrotóxicos. Todos os anos, nosso país movimenta cerca de US$ 10 bilhões em defensivos agrícolas. Entre 2010 e 2017 houve aumento considerável no uso desses produtos.
Algo interessante de mencionar é que, mesmo nosso país tendo um comércio volumoso de agrotóxicos, faz uso relativamente baixo desses produtos por hectare, quando comparado com outros países. Por ter elevada produtividade, proporcionalmente, o Brasil faz pouco uso de agrotóxicos.
O uso de agrotóxicos está associado a questões climáticas, boa parte do território brasileiro apresenta clima tropical. Pragas e doenças têm mais facilidade de se proliferar em regiões que não têm períodos de baixas temperaturas, nem mesmo no inverno. A tecnologia, em constante evolução, também contribuiu para alavancar a produtividade nacional. A produção maior tornou mais relevante controlar danos às lavouras.
Os agrotóxicos no Brasil são regulados pela Lei de Agrotóxicos nº 7.8022, de 1989. Contudo, em 2018, essa lei foi revogada através do projeto do deputado Luiz Nishimori, que foi aprovado pela Câmara. O projeto prevê a liberação de alguns agrotóxicos pelo Ministério da Agricultura. Além disso, não há uma descrição clara de como será a atuação de órgãos fiscalizadores como Ibama e Anvisa. As regras para produção, uso, venda e distribuição de agrotóxicos foram flexibilizadas.
Houve a aprovação do registro de agrotóxicos considerados potencialmente tóxicos no começo de 2019 pelo Ministério da Agricultura. Dos quase 450 defensivos agrícolas registrados, apenas 52 tinham potencial baixo de toxicidade. Agrotóxicos proibidos em países como Estados Unidos, China e integrantes da União Europeia podem ser usados no Brasil.
Há dois lados desse debate, o dos ambientalistas critica a permissividade do governo. Já os ruralistas mencionam que é imprescindível contar com o uso desses agrotóxicos para manter a produção elevada do Brasil. Uma discussão que está muito longe de acabar e que dificilmente terá um consenso.
Há rígidas limitações do uso de agrotóxicos em países da União Europeia e também nos Estados Unidos, Canadá e China. O Brasil utiliza defensivos agrícolas proibidos em outros países desde 1985. O ponto diferencial entre nosso país e os outros citados é o rigor na fiscalização.
Na União Europeia, por exemplo, é proibido lançar agrotóxicos de avião sobre as lavouras. Já no Brasil essa é uma prática recorrente. Trata-se de um método de aplicação que traz alguns riscos, pois pode facilmente atingir casas, rebanhos, rios e córregos. A conscientização da população é diferente em cada nação. Os europeus fazem uma cobrança mais forte de seus governos em relação a esse tema.
Os agrotóxicos geram debates no Brasil e no mundo, mas em escalas diferentes.