O Tenentismo e a luta por Reformas no Brasil

Durante o período da Primeira República, jovens oficiais do Exército brasileiro organizaram um movimento político conhecido como Tenentismo. Esse grupo era formado majoritariamente por tenentes e capitães insatisfeitos com o sistema político do país. O domínio das oligarquias era um dos principais pontos combatidos. 

Contexto histórico do Tenentismo

Na década de 1920, surgiu o movimento político e militar que se tornou conhecido como Tenentismo. A mobilização de jovens oficiais do Exército brasileiro contribuiu para a desestabilização da organização de poder da Primeira República. O nascimento desse movimento remonta às eleições de 1922.

Artur Bernardes foi lançado como candidato à presidência, em 1922, com o apoio das oligarquias paulista (café) e mineira (leite). Seu concorrente, Nilo Peçanha recebeu o apoio das oligarquias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco. 

Reação Republicana

As oligarquias paulista e mineira se revezavam no poder, na chamada “política do café com leite”. Nesse cenário, a candidatura de Nilo Peçanha passou a ser chamada de Reação Republicana por tentar quebrar esse ciclo. A campanha focava na conquista dos votos das classes médias urbanas.

Artur Bernardes: candidato antimilitar

Ao longo da campanha eleitoral, foi construída a ideia de que Artur Bernardes era um político antimilitar. Algo que foi popularizado através da divulgação de cartas falsas em que ele supostamente criticava os militares. 

Na época, foi divulgado que essas cartas eram falsas, mas o desgaste com os militares já era uma realidade e não foi revertido. Essa situação piorou quando já eleito presidente, Artur Bernardes ordenou o fechamento do Clube Militar além da prisão de Hermes da Fonseca. 

Após esses acontecimentos, teve início um movimento de revolta e contestação dentro do próprio exército. O movimento contrário aos governos da Primeira República ganhou força.

O movimento Tenentista

O movimento tenentista manteve-se na ativa entre os anos de 1922 e 1927. Ao longo desses anos diversas rebeliões aconteceram. 

Revolta do Forte de Copacabana

Em 5 de julho de 1922, ocorreu a primeira grande revolta orquestrada por esse grupo, a Revolta do Forte de Copacabana. Também chamada de Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, consistiu na tentativa dos revoltosos de reconquistar a honra dos militares. Os jovens oficiais alegavam que o governo de Artur Bernardes reprimia o exército. 

Os tenentes foram cercados no Forte de Copacabana. Em um ato desesperado, 18 oficiais marcharam em direção às tropas do governo, pela Avenida Atlântica. Ao longo desse percurso apenas dois oficiais sobreviveram: Siqueira Campos e Eduardo Gomes.

Outras rebeliões tenentistas

Após o episódio do Forte de Copacabana, oficiais de diferentes partes do país se envolveram no movimento tenentista. Em 1924, ocorreram rebeliões de tenentes em Manaus (Comuna de Manaus). Também houve a Revolução Paulista de 1924, que após derrota se uniu às tropas de Miguel Costa e Luís Carlos Prestes. 

Coluna Costa-Prestes

Nascida em 1925, a Coluna Costa-Prestes é considerada como a maior dos movimentos tenentistas do período. O grupo de oficiais, liderado por Miguel Costa e Luís Carlos Prestes, marchou pelo interior do país por mais de dois anos. Ao longo dessa trajetória enfrentou as tropas de Artur Bernardes.

A Coluna Costa-Prestes passou por doze estados brasileiros e marchou por 25.000 quilômetros. Em 1927, o movimento chegou ao fim e seus participantes partiram para o exílio na Bolívia. 

A ideologia do Tenentismo

Os tenentistas tinham como base do seu movimento ser contrários às práticas do período da Primeira República. Os oficiais lutavam contra a influência das oligarquias no poder, especialmente no interior do Brasil em que havia mais desigualdades. 

Alegando agir em prol da defesa das instituições republicanas, o movimento tenentista foi entendido como sendo salvacionista. Outro ponto relevante da construção ideológica dos tenentistas era a insatisfação dos militares com o pouco investimento na corporação, de acordo com a visão deles. 

Contrários às oligarquias

Para os tenentistas, a causa das carências do país estava relacionada à condição política. Por lutarem contra as oligarquias, eram contrários ao federalismo no Brasil. De acordo com o movimento, a fragmentação política do país permitia a concentração de poder nas mãos de alguns núcleos regionais. 

Liberalismo

O projeto para o Brasil defendido pelos tenentistas se baseava no liberalismo. No entanto, é importante citar que havia oficiais dentro do grupo que adotaram outras ideologias, como a comunista. 

Reformas

Os tenentistas também defendiam que se formasse uma república autoritária que realizasse as reformas necessárias. Nos temas sociais, o movimento tendia ao liberalismo, mas na política tinha um viés autoritário. 

O movimento defendia a importância de modernizar e industrializar o país dando fim a política oligárquica que priorizava o café na economia nacional. Também eram favoráveis a reforma do ensino público assim como a obrigatoriedade do ensino primário. Por fim, desejavam a moralização da política. 

Falta de plano de ação

Os tenentistas denunciavam as desigualdades sociais e como os mais pobres eram explorados pelos mais ricos. Contudo, eles não tinham um plano de ação, não sabiam como realizariam essas reformas. 

As lutas empreendidas pelo movimento tenentista se baseavam muito mais no discurso do que na ação. O movimento esteve diretamente relacionado à Revolução de 1930 que deu fim à Primeira República e culminou na ascensão de Getúlio Vargas ao poder. 

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