A palavra intolerância tem sua origem no latim intolerantia, que se relaciona a um sentimento de impaciência em relação ao a quem é diferente. De acordo com a antropologia, a intolerância tem relação com a dificuldade de entender aquele que é diferente como alguém que está na condição humana.
Sendo assim, o intolerante restringe a definição de humano apenas para o seu grupo. Aqueles que são diferentes e não se encaixam nesse entendimento de humano não precisariam ser tratados como tal. Está aí a base para entender por que a intolerância vem crescendo significativamente nos últimos tempos.
No Brasil, acontecem 44% dos casos de homicídios de homossexuais do mundo todo. Além disso, nosso país vem observando um crescente aumento de comportamentos xenofóbicos nos últimos anos.
A média de denúncias de intolerância religiosa ao Ministério dos Direitos Humanos é de uma a cada 15 horas no Brasil. Esse é um triste retrato de um país de extensão territorial que tem dificuldade de conviver com suas próprias diferenças.
A intolerância no mundo de forma geral está mais direcionada para a questão da crise migratória. Incontáveis imigrantes, especialmente aqueles oriundos da África e Oriente Médio, têm deixado seus países buscando recomeçar em outras pátrias. Os motivos que levam essas pessoas a deixar tudo aquilo que conhecem para trás incluem instabilidade econômica, guerras e perseguição política.
Há países investindo em políticas de restrição de entrada desses imigrantes, pelo entendimento de que eles representam uma ameaça. Visão que muitas vezes é aceita por boa parte da população local.
A intolerância é um comportamento que vem sendo analisado pelos antropólogos com especial atenção devido à sua ênfase nos últimos anos. Em linhas gerais, há três motivações principais para o desenvolvimento de comportamentos intolerantes. A seguir vamos explicar cada um deles.
Quando se tem dificuldade para aceitar diferenças é possível que se veja aquele que não é semelhante a si mesmo como uma ameaça. A consequência disso é o isolamento de alguns grupos, podemos exemplificar através da exclusão histórica de minorias, como negros e índios.
No contexto atual, podemos citar como principal exemplo dessa cultura do medo, o isolamento de imigrantes e refugiados. Há um sentimento de medo em relação a esses indivíduos pelo fato de eles serem vistos como potenciais inimigos, pessoas que podem tirar oportunidades de quem já é do lugar.
A sociedade está cada vez mais individualista, ou seja, o indivíduo se preocupa, acima de tudo, com as suas satisfações pessoais em detrimento do pensar do bem coletivo. Também é possível observar forte tendência imediatista da sociedade, em que as pessoas não demonstram interesse em conhecer opiniões que sejam diferentes das suas.
Em resumo, a sociedade possui crenças definidas e não se mostra disposta a compreender pontos de vista diferentes. Isso nos leva para um cenário de comportamentos mais direcionados para a intolerância e há uma normalização deles.
A intolerância ganha mais palco e seguidores em situações de crises econômica e/ou política. O motivo disso é que, em um momento de crise, há o desejo de buscar e encontrar culpados para a situação. São épocas propícias para o surgimento e fortalecimento de figuras políticas cujo posicionamento é mais extremo. Propostas simplórias são apresentadas como se pudessem solucionar problemas complexos.
Um exemplo histórico desse tópico é o Holocausto, após ser derrotada na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha entrou em uma grande crise econômica. Nesse contexto, a ideologia Nazista se fortaleceu, defendendo a tese de que a culpa da crise era dos judeus. A partir daí se descortinou um dos mais cruéis capítulos da história.
Atualmente, podemos observar uma situação que também exemplifica esse tópico na Europa. Inúmeros partidos de extrema direita vêm surgindo e ganhando força no Velho Continente por defender o fechamento das fronteiras para impedir a entrada de imigrantes. Parte da população de países europeus entende os imigrantes como uma ameaça ao seu padrão de vida.
As redes sociais têm cada vez maior presença na vida de pessoas do mundo todo. Nos últimos anos elas contribuíram para uma maior evidência para os comportamentos intolerantes. O número de denúncias de páginas de conteúdos intolerantes xenófobos, racistas, neozanistas, misóginos, homofóbicos e de intolerância religiosa cresceu mais de 200% nos últimos anos.
Percebe-se que o indivíduo tende a se sentir mais à vontade para dizer coisas que provavelmente pessoalmente ficaria inibido. Tornou-se relativamente mais fácil demonstrar a intolerância através de palavras e imagens pelo distanciamento que as redes sociais oferecem.
Além disso, a internet faz com que as informações sejam distribuídas em uma velocidade impressionante. Em minutos, textos, imagens e vídeos dão a volta ao mundo. É importante ainda mencionar o fenômeno da polarização política decorrente das bolhas virtuais.
As redes sociais mostram para cada um conteúdo que está sendo postado por seus amigos e que mecanismos identificam como sendo do seu interesse. Isso nos leva a um isolamento das opiniões diferentes das nossas e contribui para o fortalecimento dos extremismos políticos. É imprescindível que haja uma busca mais acentuada pela adoção de comportamentos mais tolerantes.
A intolerância contribui para o distanciamento daquilo que é diferente e pode ser exatamente o que falta para te complementar.
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