O Período Colonial é um capítulo bastante relevante da história do Brasil. Foi nessa época que o país conquistou boa parte da sua extensão territorial em decorrência de conflitos com povos indígenas e europeus, que também tentavam se apossar de territórios. Teve início em 1530, com a missão de caráter exploratório liderada por Martim Afonso de Souza e término em 1815, com o surgimento do Reino de Portugal, Brasil e Algarves.
Veja, a seguir, uma linha do tempo que explica o que foi o Período Colonial e seus impactos para a história do Brasil.
Entre a descoberta do novo território por Pedro Álvares Cabral, no dia 22 de abril de 1500, e o início da “colonização” se passaram 30 anos. Até o início da expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530, Portugal havia ocupado somente alguns pontos isolados na costa marítima do Brasil.
Nas cartas de Pero Vaz de Caminha, a terra fantástica recém-descoberta era chamada por vários nomes como Vera Cruz, Terra dos Papagaios ou Santa Cruz. Brasil aparece somente em fontes a partir de 1512. Após 1530, o nome foi oficializado como “Estado do Brasil”. O Período Colonial tem início com o declínio do comércio português com o Oriente, a nação europeia decidiu, então, se aprofundar na exploração do território no continente americano.
A partir de 1530, Portugal sentiu a necessidade de demarcar seu território nas terras sul-americanas, haja vista as ameaças representadas pelas intenções de colonização francesa desses territórios. A primeira expedição com o objetivo de demarcação territorial no Brasil foi exatamente a liderada por Martim Afonso de Souza.
O território brasileiro foi dividido em 14 capitanias hereditárias em 1534, foi uma tentativa de implementar aqui o sistema utilizado na pequenina Ilha de Madeira. Essas capitanias foram distribuídas entre membros da nobreza que tinham a confiança do rei de Portugal, D. João III.
O sistema de capitanias não engrenou e acabou apenas 16 anos após ter sido implantado. Nessa fase do período colonial, apenas duas capitanias se destacaram, a de Pernambuco e a de São Vicente (atualmente São Paulo), em ambas houve o começo de um processo de colonização.
O Reino de Portugal e a Coroa de Castela assinaram em junho de 1494 o Tratado de Tordesilhas, que tinha como foco dividir os territórios descobertos no continente americano. O Reino da França, por discordar, não assinou o tratado e deu início às expedições próprias que resultaram na função da França Antártica, em 1555. Essa colônia francesa ficava na região da Baía do Rio de Janeiro (ainda não era chamada de Baía de Guanabara).
Mesmo com a aliança feita com os índios tupinambá, a França teve sua colônia no Brasil destruída em 1560 em uma ofensiva comandada pelo governador-geral Mem de Sá. No ano de 1594, os franceses tentaram estabelecer outra colônia em território brasileiro, dessa vez no Maranhão. A chamada França Equinocial foi derrubada por Portugal em 1615. O Período Colonial foi intensamente marcado por disputas territoriais.
Após as capitanias hereditárias terem se mostrado falhas, Portugal decidiu criar a figura do governador-geral, alguém que cumpriria funções administrativas, trataria do desenvolvimento agrícola, defenderia o território e tentaria desenvolver um relacionamento com os povos indígenas.
O primeiro a assumir esse cargo foi Tomé de Souza, que desembarcou no Brasil em março de 1549. Nesse período, foi fundada a capital colonial São Salvador da Bahia de Todos os Santos (atualmente Salvador). Junto a Tomé de Souza, chegaram os jesuítas que fundaram a Companhia de Jesus para catequizar os índios.
A existência de um governador-geral português nomeado pela Coroa ajudou a centralizar a gestão, no entanto, não existia uma participação portuguesa efetiva devido às dificuldades de comunicação e transportes características do século XVI. O modelo de governo-geral perdurou até 1808, quando a Família Real chegou ao Brasil dando início ao chamado Período Joanino.
O açúcar foi a principal fonte de geração de riqueza do Brasil entre os séculos XVI e XVII. O sistema produtivo em massa de cana-de-açúcar, que recebeu o nome de plantation, se baseou na junção de solos férteis, mão de obra escrava e sistema de monocultura.
A região Nordeste se destacou pela grande produção de açúcar, em especial os estados de Pernambuco e Bahia. Nesse período, surgiu a figura dos senhores de engenho detentores de latifúndios.
Os holandeses tentaram colonizar algumas regiões brasileiras durante o século XVII, no entanto, foram definitivamente expulsos pelos portugueses em 1654. A Holanda, então, investiu em colonizar a região das Antilhas, dando origem a uma produção de açúcar bastante competitiva em relação à brasileira. Isso levou a uma grande crise do ciclo do açúcar. No final século XVII, foi descoberto o ouro.
O século XVI foi marcado também pelas entradas e bandeiras, expedições com diferentes objetivos. As entradas eram expedições financiadas pelo governo com o objetivo de expansão territorial.
Já as bandeiras eram expedições, que recebiam o aval da Coroa, realizadas por indivíduos com seus recursos próprios e que podiam ter como foco a busca por pedras preciosas, captura de índios, entre outros. As entradas e bandeiras foram responsáveis pela dizimação de populações indígenas inteiras.
Portugal estimulou esse tipo de expedição em diferentes momentos da história, em particular após o declínio do ciclo do açúcar. Todos os metais encontrados pelas expedições eram levados às Casas de Fundição e um quinto era extraído para a Coroa portuguesa.
A Coroa portuguesa respirou aliviada quando, em meados do século XVIII, as bandeiras começaram a achar bastante ouro no interior da colônia, em especial em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
A mão de obra de escravos africanos foi imprescindível para o desenvolvimento do ciclo do ouro. Cidades importantes como Ouro Preto (MG), São João del Rei (MG), Mariana (MG) e Jaraguá (GO) foram formadas nesse período como vilas.
Grande parte do ouro encontrado no Brasil foi usado por Portugal para quitar seu endividamento com a Inglaterra. O fim do século XVIII foi marcado pelo esgotamento das minas de ouro. Foi então que o Brasil passou a focar em outra atividade econômica baseada no sistema de plantation, o café.
A sociedade colonial do Brasil era formada pela elite portuguesa que vinha para cá para acumular riquezas, contava com representantes da administração colonial e da Igreja Católica, indígenas que tentavam sobreviver aos ataques portugueses e escravos africanos que constituíram a principal força de trabalho desse período. Com o passar do tempo, começaram a surgir os brasileiros de fato, ou seja, indivíduos nascidos no país.
O Período Colonial brasileiro foi marcado por inúmeras revoltas, dentre as quais podemos citar como as mais relevantes:
Um dos principais motivos de insatisfação que levou a tantas revoltas foi a impossibilidade de livre comércio, pois, com o Pacto Colonial, se estabelecia que a Coroa portuguesa deveria ser sempre beneficiada com as atividades econômicas realizadas por suas colônias. Esse fato foi essencial para o processo de Independência do Brasil em 1822.
Os fatores que corroboraram para a crise do sistema colonial foram:
O processo de industrialização decorrente da Revolução Industrial tornou a Inglaterra a grande potência econômica do globo. Portugal demorou muito para buscar sua industrialização.
A escravidão se tornou condenada por grande parte dos países da Europa com o fortalecimento do trabalho assalariado.
A segunda metade do século XVIII foi marcada por processos de independência em colônias inglesas e francesas, algo que incentivou o mesmo em países da América Latina.
O fim do Período Colonial foi decorrente de uma série de acontecimentos relevantes que tiveram início com a fuga da Família Real portuguesa para o Brasil. A busca por interesses locais de ordem econômica e social levaram ao fim do ciclo histórico mais duradouro da história brasileira.