O que foi a Guerra dos Mascates?

Para entender o que foi a Guerra dos Mascates é necessário conhecer o contexto histórico do Brasil colonial com um recorte específico no Nordeste da segunda metade do século XVII. Os fatos ocorridos nesse período culminaram nessa rebelião ocorrida no século XVIII entre os anos de 1710 e 1711. Siga a leitura e saiba quais foram os acontecimentos mais relevantes.

O que foi a Guerra dos Mascates?

O conflito armado que entrou para a história com a alcunha de Guerra dos Mascates ocorreu na Capitania de Pernambuco e teve como base a grande rivalidade entre os senhores de engenho de Olinda e os comerciantes portugueses cada vez mais ricos do Recife. O termo mascate era usado de forma pejorativa para se referir aos comerciantes.

Para entender essa rebelião, é necessário primeiro estabelecer as características que ela não teve. Embora os produtores de açúcar de Olinda tenham chegado a propor que a cidade se tornasse uma República independente, esse não foi um movimento separatista. Havia um forte sentimento antilusitano, mas, ainda assim, foi uma rebelião baseada em motivações econômicas. Também não havia quaisquer reivindicações sociais por parte dos revoltosos.

Guerra dos Mascates: o contexto histórico

Veja quais foram os acontecimentos que contribuíram para o conflito armado entre produtores de açúcar de Olinda e os comerciantes portugueses do Recife.

Expulsão dos holandeses no século XVII

Os holandeses desenvolveram em Pernambuco uma das mais sofisticadas estruturas açucareiras do século XVII. A infraestrutura era muito bem organizada e lucrativa, o que tornou a Capitania do Pernambuco uma das grandes produtoras mundiais de açúcar. No entanto, em 1645 houve um levante nacionalista que levou à expulsão dos holandeses do território brasileiro.

Concorrência e declínio da aristocracia do açúcar

As companhias holandesas saíram do Brasil para dar início a uma grande produção de açúcar nas ilhas Antilhas, no Caribe. O negócio açucareiro prosperou por lá e se tornou uma concorrência difícil de vencer. A grande consequência foi o declínio da economia baseada no açúcar.

Os latifundiários de Olinda contraíram muitas dívidas para se manter produzindo, mas tiveram que amargar a perda de mercado para os holandeses instalados em outro ponto do globo. Como uma tentativa de preservar o domínio econômico da então decadente elite açucareira, foram tomadas medidas arbitrárias em conluio com os representantes do poder político que se baseavam em Olinda.

Uma dessas medidas foi aumentar demasiadamente os impostos sobre a população urbana, especialmente os comerciantes portugueses do Recife, conhecidos como mascates. Diante desse cenário, os comerciantes se insurgiram contra a medida, dando origem à Guerra dos Mascates.

Recife

Enquanto Olinda declinava em consequência da concorrência com as Antilhas e por ter amargado os custos dos conflitos para expulsar os holandeses, Recife tornava-se cada vez mais próspera. Um dos fatores que contribuiu para o enriquecimento da atual capital pernambucana foi o seu porto, considerado como um dos melhores da colônia nesse período.

No ano de 1703, os comerciantes recifenses conquistaram o direito de terem representantes na Câmara de Olinda. Porém, ainda não era o suficiente e, em 1709, os comerciantes de Recife solicitaram à Coroa que o seu povoado fosse elevado ao status de vila, o que foi concedido. Ainda em 1709, os comerciantes construíram o seu Pelourinho e o edifício da Câmara Municipal. Em resumo, Recife se tornou oficialmente autônoma em relação à Olinda.

Invasão de Recife

Os senhores de engenho de Olinda invadiram Recife em 1710, sob a liderança de Bernardo Vieira de Melo e Pedro Ribeiro da Silva (Capitão-Mor) sob a alegação de que as fronteiras entre as comarcas não estavam sendo respeitadas. Nesse episódio, o pelourinho foi destruído e os presos libertados.

Invasão de Olinda

No ano seguinte, em 1711, houve um contra-ataque por parte dos comerciantes de Recife, que invadiram a cidade dos senhores de engenho, obrigando-os a se refugiar. Ainda nesse ano, a metrópole nomeou um novo governador para a capitania e enviou tropas para que o conflito pudesse ser debelado. Os líderes da rebelião foram presos.

Resultados da Guerra dos Mascates

No ano de 1712, Recife passou a ser a sede administrativa de Pernambuco. O rei D. João V concedeu anistia para os envolvidos no conflito em 1714. Por sua vez, os senhores de engenho de Olinda puderam manter as suas propriedades e ainda receberam o perdão das dívidas com o acordo de não iniciarem novos conflitos.

É interessante observar que a Coroa favoreceu os comerciantes portugueses em diversos momentos desse episódio histórico, demonstrando sua preferência pelos nascidos em Portugal. Recife teve, ainda, mais uma vantagem no conflito, a concentração do poder econômico, que não era mais dos engenhos de açúcar.

A Guerra dos Mascates foi um conflito armado travado entre os senhores de engenho de Olinda e os comerciantes portugueses de Recife. Um capítulo da história do Brasil que pode ser cobrado em questões do Enem e vestibulares.

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