A acentuação gráfica é bastante presente na língua portuguesa, porém, mesmo utilizando-a com frequência nem todo mundo compreende sua função. Ao longo do artigo a seguir iremos explicar para que a adição desses sinais serve e quais são as regras mais importantes de conhecer.
Acentuação gráfica: tem o seu papel
Talvez você já tenha pensado “por que a língua portuguesa tem um sistema de acentuação gráfica enquanto outras línguas, como o inglês, não tem?”. No português utilizamos diversos acentos com finalidades distintas, enquanto no inglês eles sequer existem. Pode parecer, dessa forma, que é mais “fácil” para os nativos de língua inglesa aprender as regras de escrita.
Contudo, se por um lado podemos comparar nossa língua com as que não têm um sistema de acentuação gráfica, também podemos compará-la com idiomas que possuem mais regras como o francês, por exemplo. Para se ter uma ideia, alguns vocábulos franceses podem ter até dois acentos como théâtre (teatro) e élève (aluno).
Duas ideias que podem surgir a partir dessas comparações. A primeira é a de que os acentos têm caráter “inútil”, uma vez que não existem em idiomas como o inglês. A segunda é que o português possui um sistema de acentuação gráfica relativamente simples se comparado com o francês. É importante esclarecer que cada língua possui suas particularidades e, se existe um sistema de acentuação gráfica, é porque ele tem um papel.
Para entender a função dos acentos gráficos é importante conhecer a sua origem na Grécia Antiga. Os gregos desse período passaram a utilizar os acentos para indicar a sílaba tônica e fazer a marcação dos fonemas aspirados.
É importante esclarecer que os acentos não tinham a função de indicar aos gregos como falar as palavras do seu próprio idioma. Algo que fica claro se pensarmos que os brasileiros também não precisam dessa indicação para falar português. Sendo assim, a acentuação gráfica cumpre um papel relevante para os estrangeiros que desejam aprender a falar e a escrever corretamente nosso idioma.
Embora a acentuação gráfica pareça sem importância para os nativos da língua, é imprescindível para quem está aprendendo português. Logo, concluímos que os acentos gráficos do português têm a mesma função dos acentos utilizados pelos gregos. Seu papel é indicar a prosódia, ou seja, quando é necessário colocar a sílaba tônica corretamente num vocábulo.
As palavras que são pronunciadas da forma como os falantes esperam não recebem acentos, afinal, não precisam de indicação da sílaba tônica. Nos casos em que o acento é necessário, ou seja, em que é preciso indicar a sílaba tônica, podemos ter vocábulos oxítonos (a sílaba tônica é a última), paroxítonos (a sílaba tônica é a penúltima) e proparoxítonos (a sílaba tônica é a antepenúltima).
Na língua portuguesa apenas 20% dos vocábulos recebem acentuação. São aquelas palavras que não têm uma pronúncia de acordo com o esperado. Funciona como um “aviso” para indicar que há algo inesperado naquele vocábulo.
Uma regra importante de acentuação gráfica de se conhecer é a de que todas as palavras proparoxítonas são acentuadas. Exemplos: médico, sábado, cítara, exército, lâmina entre outros.
No caso das palavras oxítonas o acento gráfico é utilizado quando elas terminam em “a”, “e” e “o”, independentemente de ter “s”. Exemplos: xará, pajé, paletó, você, freguês, entre outras.
Ao invés de decorar as regras de acentuação gráfica, que tal entender o porquê delas? Grande parte das palavras terminadas em “o”, na língua portuguesa, é paroxítona e não tem acento. Alguns exemplos são: sapato, palito, campo, ovo entre outros.
Então, quando palavras como sábado e paletó, por exemplo, recebem acento fica evidente que há algo diferente do esperado em sua pronúncia. O acento cumpre sua função de sinalizar que a pronúncia é diferente do que pode parecer inicialmente.
Abaixo listamos dicas simples de acentuação gráfica na língua portuguesa.
A posição da sílaba tônica ajuda a definir o uso do acento. Confira os exemplos:
Nas palavras proparoxítonas a antepenúltima sílaba é a tônica. Exemplo: pálido.
Nessas palavras a penúltima sílaba é a tônica. Exemplo: palito.
São aquelas em que a sílaba tônica é a última. Exemplo: paletó.
As regras básicas de acentuação gráfica não foram alteradas devido à Reforma Ortográfica. Sendo assim, todas as palavras proparoxítonas ainda são acentuadas como, por exemplo: cálice, elétrico, máximo, ínterim entre outras. Confira as observações:
– A palavra déficit recebeu acento pela consagração do uso. Temos ainda a forma aportuguesada “défice” e a forma latina não-acentuada “deficit”.
– Formas latinas como habitat e sub judice não são acentuadas.
– Recorde é a forma registrada nos dicionários. A palavra “récorde” é usada também, no entanto, não está registrada nos dicionários.
Palavras paroxítonas recebem acento quando tem terminação em:
ão(s) – órgãos, órfão;
ã(s) – órfãs;
u(s) – jiu-jítsu, vírus;
um – álbum, quórum;
uns – álbuns, quóruns;
om – rândom;
ons – íons, nêutrons, prótons;
i(s) – táxi, júri, lápis;
R – éter, Méier, açúcar;
N – pólen, hífen;
ps – bíceps, fórceps;
L – nível, túnel;
X – látex, Fênix, tórax.
Acentuação em ditongos
As palavras que possuem ditongos são acentuadas como, por exemplo: enxáguem, séries, armário, arbóreo, bilíngue, prêmios e mútuo.
A acentuação gráfica tem um papel essencial na língua portuguesa!