O papel das mulheres na ciência brasileira ao longo da história

A história das mulheres na ciência no Brasil é bastante rica, mas invisibilizada por um sistema que tornou tardio o acesso feminino à educação. No artigo a seguir traçaremos um panorama a respeito dessa trajetória e apresentaremos as principais contribuições das brasileiras cientistas. 

A história das mulheres na ciência no Brasil

As mulheres brasileiras precisaram percorrer um longo caminho ao longo da história para ter acesso à educação. Essa jornada de superação se deparou com as barreiras da desigualdade de uma sociedade patriarcal. 

Comparativamente com a evolução do mundo ocidental, as mulheres brasileiras, tiveram acesso tardio às instituições de ensino. Por tradição as formações femininas estavam voltadas para os cuidados do lar. 

Apenas em 1879, durante o governo imperial, conquistaram o direito de ingressar em faculdades. Contudo, para que pudessem estudar precisavam da autorização dos pais ou maridos. 

Cenário atual

As mulheres, atualmente, são a maioria da população brasileira, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro dado relevante, é que 49% do total de bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é composto por mulheres.

Embora esse número indique igualdade na pesquisa nacional, é essencial realizar um exame mais detalhado para identificar os possíveis desafios à frente. De acordo com o CNPq, 59% das bolsas de iniciação científica são ofertadas para pesquisadoras. 

No entanto, essa proporção diminui para 35,5% nas bolsas de produtividade, as mais prestigiadas. Já as bolsas 1A, destinadas a pesquisadores sêniores, são ofertadas majoritariamente para cientistas homens. 

Origens das mulheres na ciência brasileira

A Escola Politécnica da Cidade do Rio de Janeiro, uma das primeiras instituições de ciências exatas, foi inaugurada em 1874. Em 1845, foi criado o Imperial Observatório do Rio de Janeiro, atual Observatório Nacional. Já o Instituto Agronômico (IAC), em Campinas, foi criado em 1887. 

Durante o período republicano outras instituições de pesquisa surgiram, como:

  • Escola Politécnica de São Paulo, em 1894;
  • Instituto Butantan, em 1899; 
  • Instituto Oswaldo Cruz (IOC), em 1907. 

Boa parte dos pesquisadores e professores dessas instituições eram homens estrangeiros ou então homens brasileiros formados no exterior. Contudo, houve uma exceção, a cientista Emilia Snethlage, graduada na Alemanha. 

Ela chegou ao Brasil, em 1905, para atuar como assistente de Zoologia no Museu Emílio Goeldi, em Belém do Pará. Dentre as contribuições significativas de Snethlage podemos citar uma obra em que ela catalogou mais de 1.100 espécies de aves da Floresta Amazônica. 

Cientistas mulheres na área de biológicas no Brasil

Bertha Lutz

Bertha Lutz nasceu em 1894, a bióloga paulista contribuiu significativamente para o campo científico. Ela foi uma importante liderança na luta pelo voto feminino no Brasil. Também atuou na pesquisa zoológica, principalmente no tocante ao estudo de espécies anfíbias brasileiras. 

Marta Vannucci

Marta Vannucci entrou para a história como a primeira mulher a ser membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), em 1955. A cientista nascida em 1921, na Itália, desenvolveu sua pesquisa com foco no estudo de ecossistemas dos mangues. Vannucci teve papel determinante na fundação do Instituto Oceanográfico da USP. 

Graziela Maciel Barroso

Conhecida pela alcunha de “primeira dama da botânica do país”, Graziela Maciel Barroso nasceu em Corumbá, Mato Grosso do Sul. Graziela trabalhou no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Aos 49 anos, ingressou na faculdade de Biologia, na Universidade do Estado do Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ). A bióloga tornou-se a maior catalogadora de plantas do país. Para se ter uma ideia, mais de 25 espécies vegetais foram batizadas em sua homenagem. 

Atuação feminina nas ciências exatas

Houve, nas últimas décadas, avanços consideráveis na busca por igualdade de gênero na ciência. Contudo, de acordo com dados do CNPq de 2017 ainda exista disparidade de gênero nas ciências exatas. 

Há mais mulheres cientistas nas áreas de Linguística, Letras e Artes, Saúde e Biológicas. Porém, nas áreas das Ciências Exatas e da Terra, as mulheres representam somente 34%. Já em Engenharia e Computação representam somente 36% do total. Porém, houve mulheres que abriram caminho para outras cientistas nessas áreas. 

Cientistas mulheres nas áreas de exatas no Brasil

Yolande Anna Esther Monteux

A primeira mulher a se graduar em Física, no Brasil, foi Yolande Anna Esther Monteux que chegou ao país em 1913. Ela se formou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em 1937. 

Sonja Ashauer

Em 1948, Sonja Ashauer foi a primeira brasileira a concluir um doutorado em Física, na Universidade de Cambridge. 

Blanka Wladislaw

Aos 14 anos de idade, a polonesa Blanka Wladislaw chegou ao Brasil. Na década de 1950, ela contribuiu significativamente para o campo de Eletroquímica Orgânica. 

Ela estudou no Imperial College of Science and Technology da Universidade de Londres. Também teve papel fundamental no ensino e pesquisa de Química Orgânica na USP. 

Elza Furtado Gomide

Elza Furtado Gomide foi a primeira mulher a se graduar doutora em Matemática em uma instituição brasileira. Em 1968, liderou o Departamento de Matemática da USP. 

Contribuições na Medicina e na Saúde

As contribuições de mulheres cientistas para a área da saúde foram essenciais. Seus trabalhos transformaram os tratamentos médicos e também as práticas da área da saúde. 

Cientistas mulheres na área da saúde no Brasil

Nise da Silveira

A médica psiquiatra, Nise da Silveira foi responsável pela introdução de abordagens inovadoras no tratamento de pacientes da ala psiquiátrica. Ela promoveu o uso da terapia ocupacional e a expressão artística como parte do tratamento. 

Adriana Melo

O trabalho de Adriana Melo foi reconhecido internacionalmente após o estudo do vírus Zika e as consequências do mesmo em fetos. Essa pesquisa foi determinante para compreender e prevenir a microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas pelo vírus. 

Gostou de saber mais sobre o papel das mulheres na ciência brasileira? Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!

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