O Movimento Zapatista, que ganhou força em 1994, no México, tem suas origens no começo do século passado. Compreender a trajetória de luta dos camponeses mexicanos é essencial para entender como esse movimento teve início e se tornou tão expressivo. Continue lendo para saber mais.
No México, a questão social e agrária sempre foi motivo de grande discordância entre as camadas mais pobres e os grupos conservadores. De um lado, os camponeses buscavam por oportunidades de melhorar de vida, de outro, os mais ricos buscavam preservar seu status. Esse problema se arrastou por anos.
A população não contava com nenhuma ação política efetiva para melhorar suas condições de vida desde as lutas de independência. O primeiro grande movimento que lutou para melhorar a vida dos menos favorecidos foi a Revolução Mexicana, entre os anos de 1910 e 1917. Havia o desejo de que uma reforma agrária fosse realizada.
Emiliano Zapata (1879-1919), juntamente a Francisco “Pancho” Villa (1878-1923), liderou a Revolução Mexicana (1910). Para muitos mexicanos ele é considerado um herói nacional.
Zapata comandou o Exército Libertador do Sul contra os latifundiários que detinham o monopólio das terras e dos recursos hídricos para a produção de cana-de-açúcar. Colocou em prática a reforma agrária ao devolver as terras aos camponeses, movimento que nos dias de hoje é conhecido como “Zapatismo”.
O movimento liderado por Zapata e Pancho Villa foi duramente reprimido e interrompido. Em 1919, Zapata foi assassinado. Em 1923, Pancho Villa teve o mesmo destino, perdendo a vida numa emboscada.
Um novo capítulo na história da reforma agrária mexicana foi escrito durante o governo de Lázaro Cárdenas (1934-1940). Durante seu mandato, ele buscou aprofundar as bases da reforma e nacionalizar o setor industrial e energético do país. Assim as camadas mais populares poderiam ter acesso a benefícios e a possibilidade de viver melhor.
Contudo, novamente a articulação de grupos conservadores freou as mudanças. As manifestações e protestos populares perderam sua capacidade mobilizadora diante da dominação das instituições governamentais pelas elites. Quanto mais as camadas populares enfraqueciam, mais as desigualdades eram reforçadas.
Uma alteração na constituição, durante o governo de Carlos Salinas, na década de 1980, permitiu que “ejidos” fossem comercializados. Os ejidos consistem em pequenas unidades agrícolas controladas por pequenos proprietários. Assim, a exclusão social no campo e nas cidades se tornava cada vez mais palpável e injusta.
Em 1994, um grupo de camponeses se organizou em um movimento que tinha como inspiração a luta do revolucionário Emiliano Zapata. O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) foi formado, no começo, a partir da mobilização dos camponeses indígenas.
O foco desse movimento era trazer à tona discussões a respeito da necessidade de transformações que beneficiassem as camadas mais pobres da população mexicana. Havia o desejo de colocar em prática a reforma agrária no país. A liderança do movimento era do incógnito Subcomandante Marcos.
Confira abaixo quais foram os principais passos dados pelo Movimento Zapatista:
No dia 22 de dezembro de 1997, houve um confronto que resultou na morte de quarenta e cinco membros do EZLN da aldeia de Acteal, no estado mexicano de Chiapas. A comunidade local afirmou que o verdadeiro massacre promovido em Acteal foi obra de membros do Máscara Roja (Máscara Vermelha).
A ação se estendeu por cerca de 7 horas a uma pequena distância do posto militar. Os militares que ali trabalhavam nada fizeram para interferir. Inclusive, há relatos de que os militares realizaram atividades como lavar o sangue das paredes da igreja para reduzir o impacto do acontecimento.
A indignação tomou conta da comunidade zapatista e isso levou a prisão de mais de 100 indígenas em Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas. Esse acontecimento ganhou repercussão internacional e ajudou a dar holofotes para a questão social do México. O mundo soube que havia uma grande crise social e institucional no país.
A Procuradoria Geral da República do México realizou uma investigação. Foram identificados, entre os suspeitos, ex-oficiais do exército mexicano e de segurança pública. Os participantes da chacina identificados foram condenados a pouco mais de três anos de prisão.
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