Massacre do Carandiru: entenda o que aconteceu e suas consequências

O massacre do Carandiru foi uma chacina decorrente de uma ação policial no complexo penitenciário de mesmo nome, em São Paulo. Em 2 de outubro de 1992, os policiais realizaram essa abordagem para conter uma rebelião dos detentos do Pavilhão 9. Ao todo 111 detentos morreram. 

Houve grande repercussão nacional e internacional da violência empregada. A estratégia adotada pela equipe policial foi bastante criticada. Uma perícia constatou que houve uso excessivo da força. O coronel Ubiratan Guimarães, comandante da operação, foi condenado à prisão, porém, sua pena foi revertida. 

O que foi o massacre do Carandiru?

Em 2 de outubro de 1992, houve uma ação policial na penitenciária do Carandiru que levou à morte de 111 detentos. Esse episódio se tornou conhecido como massacre do Carandiru.

O crime ocorreu durante uma rebelião realizada por presos do Pavilhão 9. Os policiais envolvidos foram acusados de agir deliberadamente para matar os presos. 

Como ocorreu o massacre do Carandiru?

Não há consenso a respeito dos detalhes de como o massacre aconteceu, porém, se sabe que tudo começou com uma briga entre dois detentos. Os dois presos estavam alojados no Pavilhão 9, que era formado por réus primários. O motivo da desavença seria que os detentos pertenciam a facções criminosas rivais. 

A briga acabou se espalhando pelo pavilhão e deu origem a uma rebelião generalizada. Parte dos detentos destruiu as celas e queimou colchões. O Pavilhão 9 tinha 2706 detentos. A Polícia Militar foi chamada para controlar a situação. 

Foram enviados, ao todo, 341 policiais com bombas, armas de grosso calibre e cães. De acordo com relatos, os policiais abriram fogo contra os detentos. As armas utilizadas foram fuzis e dois tipos de submetralhadoras. No total, houve 111 presos mortos e outros 110 feridos. 

O peso da violência 

Dentre os 111 detentos mortos, 84 aguardavam julgamento, ou seja, poderiam ser condenados ou inocentados dos crimes de que eram acusados. Não houve mortes de policiais. Até hoje, o massacre do Carandiru é considerado a ação mais letal da polícia em penitenciárias. O coronel Ubiratan Guimarães era o responsável. 

A ação da polícia na rebelião foi autorizada por Pedro Franco de Campos, o então secretário de Segurança Pública de São Paulo. A sociedade ficou chocada com a violência da ação policial. Instituições defensoras dos direitos humanos criticaram tanto a polícia quanto o governo do estado de São Paulo pelo ocorrido. 

Consequências do massacre do Carandiru

  • 111 detentos foram mortos. 
  • O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Pedro Franco, foi demitido. 
  • Michel Temer assumiu o lugar de Franco. 
  • Houve repercussão internacional da chacina, o que afetou a imagem do Brasil. 
  • Houve a denúncia do Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
  • Como resposta, o governo brasileiro garantiu que iria apurar o massacre e os responsáveis seriam punidos por seus crimes. 
  • Porém, poucas ações foram tomadas pela Justiça.
  • Os responsáveis pelo massacre não foram presos mesmo após mais três décadas do ocorrido. 
  • O acontecimento levou a mudanças na formação dos policiais militares.
  • O sistema prisional de São Paulo foi alterado. 
  • A quantidade de presídios aumentou significativamente para evitar a lotação das penitenciárias.
  • De acordo com analistas, esse massacre acarretou uma reação do crime em São Paulo. Teria ocorrido a profissionalização criminal.
  • Esse processo teria dado origem ao Primeiro Comando da Capital, o PCC.
  • A grande repercussão contribuiu para que o Carandiru fosse desativado uma década mais tarde. 
  • Alguns dos prédios que compunham o complexo penitenciário do Carandiru foram derrubados a partir de 2002. 

O julgamento do comandante da operação 

O coronel Ubiratan Guimarães, comandante da operação no Carandiru, foi julgado e condenado por júri popular. Porém, em 2006, a sua sentença foi revertida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. 

Segundo a perícia realizada, a maior parte dos detentos mortos não se encontrava fora de suas celas. Esse fato demonstra que a ação policial tinha a intenção de matar. Ubiratan foi assassinado em seu apartamento após a reversão da sua pena.

A morte do coronel não teve relação com o massacre, pois teve motivação passional. A autora do crime era namorada de Ubiratan na época. Dezenas de outros policiais envolvidos foram condenados, porém, nenhum foi preso. 

73 policiais acusados e condenados

No total, 73 policiais foram acusados e condenados pelo assassinato dos 111 detentos do Carandiru. As penas chegaram a 624 anos de reclusão. Em 2016, a pena dos condenados foi anulada por três desembargadores. Contudo, em 2022 o Supremo Tribunal Federal manteve a condenação.

Os policiais condenados ainda respondem ao processo em liberdade. Há um projeto de lei com a proposta de anistiar os policiais condenados. Nesse PL se alega que a ação policial foi motivada pela necessidade de conter a violência dos detentos em rebelião. O projeto ainda aborda as dificuldades de penalização em contextos complexos como esse. 

Resumo sobre o massacre do Carandiru

  • O massacre do Carandiru foi uma chacina policial realizada no dia 2 de outubro de 1992 na penitenciária do Carandiru, em São Paulo. 
  • Essa ação policial tinha como objetivo conter uma rebelião realizada por detentos do Pavilhão 9. 
  • Houve 111 detentos mortos. 
  • Parte dos responsáveis pela ação que culminou na chacina foram condenados pela Justiça. Contudo, ainda não cumprem pena. 
  • Dez anos após o massacre, a penitenciária do Carandiru foi fechada. 

Esse é um panorama do massacre do Carandiru. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!

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