O poeta alagoano Jorge de Lima é o autor do poema épico Invenção de Orfeu. O escritor faz parte do modernismo brasileiro e sua obra possui influências do surrealismo, catolicismo e cultura afro-brasileira. Continue lendo para saber mais sobre a sua vida e o seu trabalho.
O escritor Jorge de Lima nasceu no dia 23 de abril de 1893, em União dos Palmares, Alagoas. Já escrevia poesia aos seis anos de idade. O pai de Jorge era comerciante e o matriculou no Instituto Alagoano, em Maceió. O garoto foi acompanhado pela mãe e pelos irmãos menores nessa mudança.
Em 1909, Jorge de Lima estudou no Colégio Diocesano. Mais tarde cursou a faculdade de Medicina, na Bahia. Foi morar no Rio de Janeiro, em 1914. O seu primeiro livro, XIV alexandrinos, foi publicado nesse mesmo ano. Retornou para Alagoas e casou-se com Ádila Ferreira Alves.
Jorge de Lima foi professor e diretor da Escola Normal Estadual, em Maceió. Também atuou como Diretor-Geral da Instrução Pública e Saúde e foi deputado estadual. Mudou-se novamente para o Rio de Janeiro, em 1930, com a esposa para trabalhar como médico.
Jorge abriu seu próprio consultório e também atuou como professor de literatura brasileira, na Universidade do Brasil. Nesse período também foi vereador no Rio de Janeiro. Paralelamente tentou ingressar na Academia Brasileira de Letras, mas não conseguiu.
Jorge de Lima retornou ao catolicismo, ele havia abandonado a religião na juventude. O escritor após ficar doente fortaleceu a sua fé. Em 15 de novembro de 1953, ele faleceu, no Rio de Janeiro.
Poesia:
Romance:
O eu lírico do poema “Quichimbi sereia negra” descreve a figura de uma sereia negra chamada Quichimbi. A cultura afro-brasileira é evidenciada e valorizada nesse poema. O poeta usa em seu trabalho versos brancos, ou seja, metrificados (redondilhas maiores) sem rimas. Confira um trecho abaixo:
“Quichimbi sereia negra
bonita como os amores
que tem partes de chigonga
não tem cabelos no corpo,
é lisa que nem muçum,
é ligeira que nem buru
não tem matungo e é donzela,
ao mesmo tempo pariu
jurará sem urucaia.”
O eu lírico do livro Novos poemas, discorre sobre elementos católicos da cultura brasileira. Nessa obra, Jorge de Lima revela que seu nome foi escolhido em homenagem a São Jorge. Os versos dessa obra são livres e ao longo da narrativa são apresentados os perigos da vida e a proteção concedida pelo seu anjo da guarda. Confira um trecho:
“Santa Bárbara que nos livra do corisco.
São Bento que cura mordida de cobra,
São Gonçalo casador.
São Jorge que me cedeu o seu nome
pra meu pai me batizar,
que escolheu o seu dia
pra eu chegar nesse mundo,
que só não me deu seu cavalo
porque o pobre do bichinho
não podia descer da lua!”
Em 1952, Jorge de Lima publicou o livro “Invenção de Orfeu”, considerada sua principal obra. Caracteriza-se por apresentar diversidade de formas, extensão e referências. Esse é o último livro antes da morte do escritor.
Numa ilha utópica, Jorge de Lima procura uma nova forma de poesia que tenha mais solidariedade e sensibilidade. O livro não apresenta linearidade e desenha um percurso de ciclos que contemplam temas e imagens repetidos.
O lado parnasiano do escritor pode ser observado através do rigor métrico em quase todos os versos dessa obra. Há a presença de sonetos. O paradoxo dessa obra representa uma das marcas do Modernismo e do Pós-Modernismo. A ideia é fundir o contemporâneo à tradição.
O escritor Jorge de Lima integra a segunda geração modernista que ficou marcada pela profunda angústia existencial frente ao mundo. As obras desse período também realizam crítica sociopolítica e apresentam liberdade formal. Os poetas usavam versos livres, regulares e brancos nesse período.
Os poemas desse autor também possuem algumas características particulares como:
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