A questão indígena no Brasil e o cristianismo

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, se depararam com a população indígena que já habitava o novo continente. Os indígenas estão presentes nas Américas há quase 13 mil anos. Nesse período se espalharam pelo continente. Continue lendo para saber mais sobre a relação dos povos originários e o cristianismo

A população indígena 

Em 1492, Cristóvão Colombo chegou à América dando início ao processo de colapso das populações indígenas no continente. Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em 1500 dando sequência a esse processo. 

A colonização espanhola e portuguesa da América culminou no saque das civilizações antigas e gerou um verdadeiro genocídio. A Europa desejava expandir seu alcance comercial, assim ocupou as terras americanas. 

O cristianismo na colonização 

Os colonizadores europeus entendiam as populações indígenas como sendo hostis. Houve a construção de um imaginário bárbaro associado aos indígenas, com destaque para a poligamia e o canibalismo. 

Tornou-se imprescindível a difusão da cruz e da mensagem bíblica entre os povos originários como forma de “domar” aqueles que eram vistos como selvagens. Os indígenas não se curvaram ao rei, à lei ou à fé. Os europeus decidiram usar o cristianismo como ferramenta para mudar essa percepção. 

Aliados e inimigos

No projeto colonial português foi desenvolvida uma política indigenista na qual a população indígena era dividida em dois grupos: aliados e inimigos. Aqueles que eram vistos como aliados dos portugueses deveriam se converter à fé cristã. Já os indígenas que eram considerados inimigos deveriam ser subjugados nas esferas militar e política.

O processo de catequização visava tornar a população indígena mão-de-obra para os empreendimentos coloniais. Gradualmente, as populações indígenas foram sendo absorvidas pelo sistema colonial. 

Avanço evangélico

Atualmente, as populações ameríndias ainda enfrentam um processo de apagamento em decorrência do avanço evangélico. Esse crescimento evangélico tem levado a um novo genocídio cultural e populacional. 

O contato com populações não-indígenas, especialmente os missionários evangélicos, tem contribuído para a perda de tradições e crenças das tribos. Os direitos dos indígenas se encontram constantemente sob ameaça. 

Transição religiosa

As populações indígenas vêm passando por um processo de transição religiosa bastante marcante. As mudanças religiosas são identificadas por meio de dados coletados em Censos Demográficos. 

O cenário religioso atual demonstra haver a queda do número de católicos e o progressivo crescimento da população evangélica. Algo que se observa também entre as populações indígenas. Nos diferentes segmentos populacionais essa mudança tem motivações distintas. 

Diversidade religiosa

Uma análise detalhada permitiu compreender a dinâmica religiosa e as mudanças quantitativas entre o número de católicos e evangélicos. O último grupo representa um dos maiores grupos religiosos entre os povos nativos do Brasil. Algo interessante é que entre os indígenas é possível observar uma maior pluralidade religiosa. 

O número de evangélicos em relação a católicos é maior entre os indígenas do que entre a população não-indígena do Brasil. A maior diferença numérica pode ser observada nas áreas rurais, em que mora grande parte da população indígena. 

No Norte do Brasil, há maior número de indígenas evangélicos, a porcentagem saltou de 20% para 60%. Então, para cada 100 indígenas católicos havia, em 1991, 20 indígenas evangélicos. Em 2010, esse número saltou para 60 indígenas evangélicos para cada 100 indígenas católicos. 

Centro-Oeste

A principal transformação do cenário religioso indígena ocorreu na região Centro-Oeste. Nessa região está a segunda maior população indígena do país, a porcentagem de indígenas evangélicos era de 45%, em 1991, e saltou para 90% em 2010.

No Mato Grosso do Sul, o número de indígenas evangélicos passou de 68%, em 1991, para 146%, em 2010. Em 1912, no Mato Grosso do Sul ocorreu a evangelização dos indígenas Terenas. A primeira igreja evangélica foi construída entre os Terenas. 

Juventude

A diversidade religiosa é mais ampla entre a população indígena jovem, conforme os dados do Censo. Dessa forma, é bem provável que as filiações católicas continuam decrescendo com o passar do tempo.

A soma das religiões cristãs (católicos e evangélicos) tem um peso menor entre a população indígena do que na população geral do Brasil. O aumento do número de indígenas evangélicos nos faz perceber que há um processo gradual de afastamento das origens por essa população.

Construção

O cristianismo foi uma ferramenta utilizada pelos portugueses para a construção de uma nova identidade para as populações originárias. Com o passar do tempo, os indígenas passaram por um processo de transformação de suas crenças e cultura. Esse é um processo bastante danoso para a manutenção do legado desses povos.

O avanço evangélico entre as populações indígenas representa um grande risco de perda da identidade cultural dessas populações. É um processo que vem se desenvolvendo desde a chegada dos colonizadores europeus e que vem ganhando mais força. Essa evangelização contribui para o projeto de redução de espaço dos indígenas na cultura.

Agora você conhece mais sobre a questão indígena e o cristianismo no Brasil. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!

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