Entenda o significado de polissíndeto

A figura de linguagem conhecida como polissíndeto se baseia no uso repetido de conjunções coordenativas para expressar ideias. Podem ser usadas para transmitir uma ideia de continuidade ou destaque das situações apresentadas. Continue lendo para saber mais. 

O que é polissíndeto?

O polissíndeto é uma figura de linguagem bastante empregada em textos literários. Sua principal característica é utilizar conectivos coordenativos de forma recorrente. Em outras palavras, usa um tipo de ponte linguística para ligar os elementos independentes. 

Esse recurso estilístico pode ser observado entre os termos de uma mesma oração. Contudo, para isso é necessário que eles tenham a mesma função sintática, ou, que haja sentido entre as orações.  

Geralmente, para estabelecer uma ideia de limite, os conectivos usados para encadeamentos de termos coordenados, são usados somente antes da última palavra.

Confira o exemplo abaixo:

“Pedi um sanduíche, uma batata frita e uma porção de polenta”. 

O polissíndeto se caracteriza como a exceção da frase e oferece diferentes possibilidades expressivas. 

Exemplos de polissíndeto

  • “Vão chegando as burguesinhas pobres/e as crianças das burguesinhas ricas/e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.” (Manuel Bandeira). 
  • “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga). 

Observe que nesses exemplos, a repetição da conjunção gera um destaque nos verbos usados. Dessa forma, as ações e ideias ganham um aspecto de continuidade. 

Confira outro exemplo:

“O evento foi um desastre, pois nem o mestre de cerimônias compareceu, nem os convidados principais, nem tinha buffet, nem a iluminação estava correta.”. 

Conforme lemos essa frase, compreendemos, dramaticamente, que o evento foi realmente um fiasco. Essa sensação não teria ocorrido se a frase fosse construída com pontuações. 

Diferença entre polissíndeto e assíndeto

A figura de linguagem polissíndeto é um recurso estilístico que se baseia na repetição de conjunções coordenativas. Sendo assim, é uma configuração sintática bem distante da observada no assíndeto. Como o próprio nome indica, no “assíndeto” há a ausência de conjunção que pode ser substituída por vírgulas ou pontuações. 

O assíndeto se baseia na supressão dos conectivos que unem tanto as orações coordenadas quanto os termos de uma mesma oração. Confira exemplos de assíndeto:

  • “Vim, vi, venci.” (Júlio César). 
  • “[…] Abaixou vacilou, ele passa / Se liga, necessário, / machuca, humilha, traça”, (O Rappa). 
  • “Grita o mar, brama o fogo, silva a fera, / Chora Adão, geme o pranto, brada o rogo.” (Francisco de Vasconcelos). 
  • “A tua raça quer partir, /guerrear, sofrer, vencer, voltar.” (Cecília Meireles). 

O emprego das vírgulas nesse tipo de construção textual oferece agilidade. O fato de não ter conectivos nessas construções faz com que o leitor tenha a sensação de que as ações se repetem constantemente. É uma figura de linguagem que funciona muito bem para envolver o leitor em um clima dinâmico. 

Diferença entre polissíndeto e anáfora

Tanto a anáfora quanto o polissíndeto se baseiam na repetição. Contudo, no último há a recorrência de conectivos entre orações coordenadas ou entre palavras que tenham funções idênticas. Na anáfora, necessariamente, há a recorrência de um vocábulo no começo de um verso ou de uma frase. 

O objetivo de usar esse tipo de recurso é destacar o compromisso de quem fala ou escreve o conteúdo da mensagem. Confira exemplos de anáfora:

  • “Sem sacar que o espinho é seco. Sem sacar que seco é ser sol. Sem sacar que algum espinho seco secará. Se acabar não acostumando.”
  • “Ilha cheia de graça / Ilha cheia de pássaros / Ilha cheia de luz. / Ilha verde onde havia / mulheres morenas e nuas […]”, (Cassiano Ricardo). 

Nesse segundo exemplo, o eu lírico apresenta no poema a descrição de uma ilha. Esse lugar pode ter sido visto por ele presencialmente, através de um veículo de comunicação ou na sua imaginação. Porém, independente da fonte, o eu lírico nos transmite muita certeza sobre o que está falando. 

As palavras estão intensamente relacionadas com o teor da mensagem. Isso faz o leitor, aquele que ouve os enunciados e que se depara com a anáfora, dar um novo sentido ao conteúdo. 

Confira outro exemplo de anáfora:

“Lá nas areias infindas,

Das palmeiras do país,

Nasceram — crianças lindas,

Viveram moças gentis…

Passa um dia a caravana

Quando a virgem da cabana

Cisma da noite nos véus…

… Adeus! Ó choça do monte!…

…Adeus! palmeiras da fonte!…

…Adeus! amores…adeus!…

 

Depois o areal extenso…

Depois o oceano em pó…

Depois no horizonte imenso…

Desertos… desertos só…”

(Castro Alves)

A repetição do termo “Adeus” nos passa a ideia de uma despedida com grande tristeza. Quanto mais o eu lírico se distancia desse lugar mais se lembra de processos cotidianos vividos nele.

Em seguida, a sequência anafórica “Depois” nos faz compreender que há um lapso temporal assim como uma constância de lugares negativamente diferentes. O eu lírico vive agora uma vida de provações. 

Gostou de saber mais sobre polissíndeto? É um excelente recurso estilístico! Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!

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