Conhecer a diferença entre Realismo e Naturalismo é imprescindível para quem está se preparando para o Enem e vestibulares. No artigo a seguir explicaremos os dois conceitos e os pontos divergentes entre eles. Vamos começar?
Os movimentos literários conhecidos como Realismo e Naturalismo nasceram na Europa no século XIX com o objetivo de negar o Romantismo. Considera-se como a obra fundadora do Realismo o livro “Madame Bovary”, de 1857, de Gustave Flaubert.
Por sua vez, a obra fundadora do Naturalismo é “Thérèse Raquin”, de 1857, de Émile Zola. Essas duas obras são vistas como as primeiras a reunir os estilos de escrita dessas estéticas narrativas. Tanto o Realismo quanto o Naturalismo tinham como ideia principal representar a sociedade de forma mais realista.
Sendo assim, os dois movimentos faziam oposição ao Romantismo, que focava em produzir histórias ambientadas em mundos idealizados com personagens inspiradores e heróicos. Os personagens das obras desses movimentos têm como característica central serem realistas no tocante aos problemas do cotidiano e pela busca de fazer uma representação mais fiel da sociedade.
Confira abaixo as características principais do Realismo:
– Linguagem direta, descritiva e objetiva;
– Ritmo lento, tendo como foco a construção da realidade social (a ambientação);
– Personagens comuns e que podem ser encontrados facilmente no cotidiano, mas com uma construção profunda;
– Determinismo social (o ser humano é entendido como fruto do meio);
– Forte crítica à sociedade burguesa.
Confira a seguir algumas características do Naturalismo:
– Linguagem detalhista, mas simples, clara e impessoal;
– Maior foco nas características animais e sexuais do ser humano;
– Personagens construídos sob o aspecto de ênfase psicológica (patologia);
– Determinismo social e biológico (entende-se que o ser humano também é fruto da evolução);
– Obras com engajamento social.
Inicialmente, as listas de características podem parecer quase iguais, no entanto, podemos resumir as diferenças em dois pontos relevantes. Observando as características de ambos podemos perceber que os dois movimentos têm linguagem semelhante, mas com objetivos distintos.
No Realismo, a sociedade é descrita de forma realista com o objetivo de construir personagens que são fruto do seu meio. Já o Naturalismo visa descrever os seres humanos de maneira realista, inclusive seu aspecto sexual como um fator biológico fundamental para a formação do caráter dos indivíduos.
O Realismo utiliza personagens realistas para criticar a sociedade burguesa. No Naturalismo, é utilizada a patologia (estudo das alterações) dos personagens para perscrutar a natureza do ser humano e a sociedade de maneira geral.
O Realismo e o Naturalismo surgiram nos anos 1800, um momento em que havia profunda turbulência social. No fim do século anterior, havia acontecido a Revolução Francesa que levou a uma forte mudança da lógica social. A sociedade burguesa havia se estabelecido num lugar de destaque.
Essa rearticulação social significou a redução das tradições monárquicas e a influência da igreja sobre o Estado. As estruturas sociais foram transformadas. Nesse período, foi estabelecida uma visão científica a respeito das formas de organização social e sobre a humanidade em si. Resumidamente, significava a busca da verdade por trás de tudo, o entendimento e a descrição da realidade.
A literatura daquele século buscou representar a sociedade de forma realista. Esse movimento teve início na Europa, porém, se espalhou num ritmo veloz por boa parte do planeta.
No Brasil, o principal nome do Realismo foi Machado de Assis. Porém, é importante esclarecer que as obras do autor são entendidas como únicas dentro desse movimento, uma vez que têm características específicas, como o tom pessimista.
Além disso, Machado não rompeu completamente com o Romantismo. Em linhas gerais, trata-se de um autor muito complexo para ser rotulado apenas como realista. As suas principais obras são:
– Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), (a primeira obra realista brasileira);
– Dom Casmurro (1899);
– Esaú e Jacó (1904);
– Memorial de Aires (1908).
Outras duas obras do Realismo bastante citadas nos vestibulares são:
– O Ateneu (1888), de Raul Pompéia;
– Inocência (1872), do Visconde de Taunay.
As principais obras do Naturalismo brasileiro são:
– O Mulato (1881), de Aluísio de Azevedo, (primeira obra naturalista brasileira)
– O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo;
– A Normalista (1893), de Adolfo Ferreira Caminha.
Portugal adotou relativamente rápido os dois estilos tornando-se uma influência para os autores brasileiros. Um autor português bastante cobrado em vestibulares é Eça de Queiroz, destacam-se dentre as suas obras:
– O Crime do Padre Amaro (1875);
– O Primo Basílio (1878);
– Os Maias (1888).
Eça de Queiroz é um dos principais nomes do Realismo mundial.
Realismo e Naturalismo são dois importantes movimentos literários do século XIX!