Entre os dias 1° e 12 de novembro de 2021, aconteceu a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26) na cidade de Glasgow, na Escócia.
Originalmente, o evento deveria ter ocorrido em novembro de 2020, no entanto, os planos precisaram ser adiados em decorrência da pandemia de Covid-19. Continue lendo para entender a relevância dessa conferência do clima para o planeta.
Essa conferência foi realizada para dar prosseguimento aos debates, iniciados na ECO-92, na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, a respeito da influência das atividades humanas sobre as mudanças climáticas ocorridas no planeta.
A COP-26 ainda tinha como objetivo que os Estados-Membros da Organização das Nações Unidas (ONU) chegassem a um acordo sobre a redução de emissões de gás carbônico na atmosfera até 2030. Também estava no escopo da conferência a 15ª reunião das partes do Protocolo de Quioto (CMP16) e a 2ª reunião das partes do Acordo de Paris (CMA3).
As Nações Unidas estabeleceram os seguintes pontos para debate durante a conferência:
– Definição de metas para eliminar as emissões de carbono e manter a temperatura média global em 1,5°C;
– Planejamentos de adaptação de infraestrutura de comunidades e habitats naturais afetados pelas mudanças climáticas;
– Mobilização econômica para financiar a adaptação das nações mais pobres às mudanças climáticas, diminuindo as suas emissões;
– Determinação de iniciativas e metas para que governos, empresas e a sociedade como um todo trabalhem juntos para alcançar um desenvolvimento sustentável.
A COP-26 ganhou grande relevância por ser a última chance dos países definirem metas para a redução de emissões de carbono e, dessa forma, manter a temperatura média global abaixo de 1,5°C. Se o cenário atual não for modificado, o planeta poderá apresentar como temperatura média 2,7°C até o final do século XXI.
Com essa média de temperatura, ocorrerão inúmeras catástrofes climáticas, os incêndios florestais aumentarão e o nível dos oceanos será elevado. O aumento da temperatura do planeta altera o ritmo de chuvas e dá início a secas que se tornam cada vez mais frequentes.
Especialistas destacaram a importância da conferência cobrar ações imediatas e que sejam realmente efetivas. Há 197 Estados-Membros, se cada um fizer a sua parte, é possível reverter essa situação complicada. Os governos integrantes do G20 são os que aparecem nos principais holofotes por serem os que têm mais chances de fazer a diferença.
A COP-26 contou com a participação de delegações de aproximadamente 200 países. Em paralelo, foram realizadas manifestações de grande porte por grupos ambientalistas. Para se ter uma ideia, apenas na cidade de Glasgow, na Escócia, houve uma passeata com quase 100 mil pessoas.
Em 13 de novembro de 2021, foi assinado um compromisso internacional. No texto desse compromisso está enfatizada a necessidade de reduzir rapidamente as emissões de carbono.
O objetivo é que até 2030 seja alcançada a redução de 45%, considerando os patamares de 2010. Em 2050, as emissões deverão estar neutralizadas no mundo todo, ou seja, qualquer emissão adicional deverá ser compensada pelo reflorestamento ou pela captura de carbono.
Porém, esse acordo não possui força legal, sendo somente uma declaração de intenções que depende da boa vontade dos governos das nações em implementar. Uma vez que as metas vigentes não tinham a capacidade de conter o aquecimento global no nível de 1,5°C, foi solicitado aos países, que até o final de 2022, apresentem novas metas oficiais.
Um ponto relevante de citar é que pela primeira vez em uma conferência, foi reconhecido o fato de que é fundamental fazer a transição de combustíveis fósseis para renováveis.
Ainda que alguns avanços tenham sido conquistados, a COP-26 sofreu duras críticas por parte dos ambientalistas. O principal foco de críticas foi o fato de que um dos principais pontos de negociação, o abandono completo do uso de carvão, foi alterado em cima da hora devido à pressão da Índia, China e outros países que utilizam esse recurso em demasia. O texto passou a recomendar que houvesse uma “redução” do uso e não a eliminação.
É válido mencionar que um grupo de 40 países concordou em suspender o uso de carvão como fonte energética até o ano de 2040. Alguns acordos setoriais específicos sobre automóveis, florestas, carvão e metano dependem da aprovação legislativa dos países para que possam entrar em vigor. Esses acordos podem completar 9% da lacuna das emissões para chegar ao nível de 1,5°C.
Houve críticas também às formas de financiamento das medidas de adaptação e mitigação. Elas estão sendo consideradas pouco eficientes e sem ambição. Não foi definida uma cifra de contribuições.
Os países em desenvolvimento solicitaram dos países desenvolvidos 1,3 trilhão de dólares até o ano de 2030. Esse pedido não foi aceito, se mantendo nos níveis atuais de 100 bilhões, promessa ainda não efetivada.
Também não se concretizou a criação de um fundo internacional de perdas e danos para países que estão mais vulneráveis às mudanças do clima. Embora algumas medidas tenham sido tomadas para avaliar planos de redução de emissões de grandes empresas, ainda não se tem um texto com uma explicação clara de como isso será feito. Ainda há um caminho difícil pela frente.
A COP-26 foi frutífera em diferentes âmbitos, mas ainda não amarrou todas as pontas soltas.