Conheça a história dos negros no Brasil: quilombos, cultura e resistência

A história dos negros no Brasil foi determinante para o estabelecimento das bases racistas que perduram até os dias atuais. No artigo a seguir, apresentaremos com mais detalhes o histórico de luta e resistência que pauta a construção dessa história. 

História dos negros no Brasil

Estima-se que metade da população brasileira atual é negra, no entanto, essas pessoas representam a minoria em escolas, universidades e empregos com melhores remunerações. Geralmente, esses indivíduos residem em territórios com pouco acesso a recursos públicos e impactados por diferentes tipos de violência.

Esses elementos que constituem a vida da população negra, atualmente, são explicados por elementos historicamente construídos. Africanos passaram a ser escravizados e trazidos para a América, a partir do início do século XVI.

O movimento aumentou com o passar dos séculos devido a dificuldade de escravização dos indígenas. 

O regime escravocrata 

Os indivíduos escravizados eram trazidos para a América por meio do tráfico negreiro. Em um dado momento, o tráfico de escravizados se tornou tão lucrativo quanto às atividades que eles desempenhavam. 

Esse cenário se alterou quando a Inglaterra passou a fazer pressão para encerrar os regimes escravocratas de outras nações. Os britânicos não queriam concorrer com países com mão de obra escravizada que viessem a se industrializar. 

Abolição e exclusão 

No Brasil, nos Estados Unidos e em outras regiões da América, a escravidão foi abolida através de leis. Contudo, a população negra liberta não foi inserida nas instituições públicas. Assim, essas pessoas passaram a viver em periferias realizando os piores trabalhos. Esse cenário foi se modificando apenas nas últimas décadas. 

O trabalho escravo no contexto mercantilista 

O regime escravocrata se consolidou num período em que o mundo ocidental vivenciava o mercantilismo (fase inicial do capitalismo). A ordem social daquele período era acumular o máximo de riquezas com o menor custo. 

Então não pagar os trabalhadores que realizavam as atividades braçais era parte desse sistema. Além disso, o comércio de pessoas escravizadas também era visto como um empreendimento pelos europeus. 

A história dos negros no Brasil colônia e Império 

A mão de obra negra escravizada foi utilizada em diferentes ciclos econômicos como o do açúcar, mineração, cultivo do café e da borracha. Isso significa que a construção do Brasil está intimamente ligada ao trabalho da mão de obra dos africanos e seus descendentes. 

Quilombos

As comunidades formadas pelos africanos escravizados e seus descendentes recebem o nome de quilombos. Tais comunidades eram constituídas por escravizados que fugiam da vida de escravidão. Sendo assim, os quilombos eram locais onde os escravizados podiam viver em liberdade e promovendo a resistência.

Essas comunidades geralmente se formavam no interior do país, mas algumas surgiram próximas a grandes cidades, como Rio de Janeiro, no século XIX. O primeiro quilombo de que se tem registro data de 1575 e surgiu na Bahia.  

No entanto, o maior quilombo da história foi o Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Os quilombolas produziam tudo de que precisavam para sobreviver. Além dos africanos escravizados, os quilombos acolhiam indígenas e brancos livres.

História do surgimento dos quilombos

Os quilombos surgiram em meados do século XVI como resultado da resistência promovida pelos africanos escravizados. Os escravizados eram trazidos para o Brasil para trabalhar especialmente na produção do açúcar. 

O regime escravocrata era bastante cruel e se caracteriza pelas agressões físicas e péssimas condições de trabalho. Os escravizados eram submetidos a rotinas extenuantes e má alimentação. Os escravizados que conseguiam fugir eram acolhidos em locais estratégicos, os quilombos.

Vilas eram construídas em locais isolados e protegidos contra os portugueses. A palavra quilombo tem sua origem em um termo quimbundo utilizado para se referir a acampamentos militares da região de Angola. 

Sobrevivência

Os quilombolas sobreviviam por meio do que extraíam da natureza além daquilo que plantavam e dos animais que criavam. A farinha de mandioca era o produto mais comum produzido pelos quilombolas. Porém, eles também produziam feijão, milho, abóbora, batata-doce, cana-de-açúcar. 

A alimentação dos quilombolas também era reforçada por frutos e raízes assim como pela caça e pesca. Em alguns quilombos, havia a produção de itens úteis para os colonos portugueses como cachimbos e cerâmica além de lenha. Assim muitos quilombos estabeleceram relações comerciais amistosas com engenhos e fazendas. 

Abolição e Proclamação da República 

O Brasil se tornou império, em 1822, contudo, a escravidão continuou. Esse sistema de mão de obra escravizada tornou-se a base da economia latifundiária. No entanto, o processo de abolição teve início gradualmente. 

Em 1888, foi assinada a Lei Áurea que aboliu a escravidão no Brasil. No ano seguinte, em 1889, foi proclamada a república brasileira. Esse fato demonstra que a sustentação do regime monárquico no Brasil estava fortemente ligado aos latifundiários. 

Mudança que pouco mudou

Mesmo com a abolição da escravatura, muitos donos de escravizados não perderam a força de trabalho. A maior parte dos negros não possuía propriedades e nem tinha perspectiva de contratação em novos empregos. Muitos dos ex-escravizados continuaram trabalhando em troca de teto e comida nas fazendas dos antigos senhores. 

Na república, a escravidão se manteve abolida, porém, não havia nenhum plano para incluir a população negra. Grande parte da população negra se mudou para as cidades e passou a morar nas ruas. No melhor dos casos, moravam em cortiços. Foram poucos os que conseguiram abrir negócios e encontrar bons empregos. 

Os negros não podiam votar e nem se candidatar, sendo em grande parte analfabetos. Para muitas mulheres negras a solução foi se manter realizando trabalhos domésticos nas casas de famílias brancas. Essa configuração se mantém até os dias atuais.

Quilombos do século XXI

É importante esclarecer que os quilombos ainda existem no século XXI. No entanto, atualmente, o entendimento da sua configuração é outro. Trata-se de comunidades formadas por descendentes de escravizados quilombolas que visam preservar suas tradições e culturas. Também tem um viés de luta pelo acesso à terra e resistência. 

Agora você conhece mais sobre a história dos negros no Brasil. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!

Retornar ao blog

Gostaria de ajuda ou precisa
falar com a nossa equipe?