As mulheres ocupam atualmente um pouco mais de 40% do mercado de trabalho formal no mundo. Porém, nem sempre as colaboradoras femininas tiveram acesso a esse espaço formalizado no mercado.
A história das trabalhadoras possui uma série de reveses. Inclusive, até os dias de hoje há uma série de barreiras sexistas que as mulheres precisam transpor para garantir seu lugar no mercado.
O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, é uma data que se refere à luta das trabalhadoras para se consolidar em um ambiente entendido como masculino. No artigo a seguir iremos pontuar com mais detalhes essa longa história de luta.
A agricultura foi a principal atividade humana por grande parte da história escrita. O trabalho físico mais pesado não era limitado aos homens. Às mulheres cabiam atividades como moer grãos fisicamente usando pedras, carregar água, juntar madeira, entre outras. Além disso, elas já tinham uma rotina que somava atividades dentro e fora do lar.
Na década de 1760, teve início a Primeira Revolução Industrial na Inglaterra, um acontecimento que mudou totalmente a situação dos trabalhadores no mercado. A economia, que antes se baseava na agricultura e trabalho artesanal, passou a ter forte cunho industrial. Os papéis de homens, mulheres e crianças foram significativamente transformados.
As fábricas passaram a dividir homens, mulheres e crianças de acordo com os papéis de trabalho que melhor lhes cabia. Mulheres e crianças eram alocadas em ambientes menores. Os homens, por serem maiores, demandavam espaços mais amplos e eram incumbidos de atividades de força bruta.
A Revolução Industrial trouxe uma novidade significativa para a história do trabalho, pela primeira vez havia um número grande de mulheres atuando fora de casa. Uma nova condição que permitiu o desenvolvimento feminino, garantindo mais autonomia e independência para elas. A partir dessa nova condição, surgiram outras mudanças, como o movimento pelos direitos das mulheres que levou mais de um século para se consolidar.
A indústria que mais admitia mulheres em seus quadros era a têxtil. Nos Estados Unidos, na década de 1840, em torno de 75% da força de trabalho dessas fábricas era feminina. No Brasil, até hoje essa é a realidade do mercado, cerca de 70% da força de trabalho é feminina.
Os postos de trabalho estavam à disposição, no entanto, as condições eram bastante insalubres. As fábricas eram ambientes escuros e superlotados, cujas máquinas soltavam fuligem e onde não havia segurança. Essas condições geraram uma onda de acidentes e doenças. Uma série de protestos levou à criação de restrições para a proteção de mulheres e crianças.
A adequação das condições à segurança desses dois tipos de mão de obra tornou menos lucrativo manter tal força de trabalho. As mulheres acabaram sendo deixadas em casa para realizar atividades domésticas, enquanto as crianças foram enviadas para as escolas. Foi nesse momento em que se criaram os estereótipos do homem como “provedor” e da mulher como “dona de casa”.
A mulher se manteve no papel de dona de casa durante grande parte da segunda metade do século XIX. No entanto, isso mudou entre os anos de 1914 e 1945 devido à deflagração das duas Guerras Mundiais. De uma forma extremamente dolorosa, os conflitos obrigaram as mulheres a assumir o seu lugar no mercado de trabalho.
Elas acabaram ocupando o lugar dos homens, que estavam lutando na guerra, em especial na indústria de armamento. Houve grande incentivo, inclusive, para que ocupassem postos voluntários, como o de enfermeiras nos fronts de batalha. Após o término dos confrontos, houve desenvolvimento social e econômico que levou à mudança de paradigma da mão de obra feminina.
A educação pública cresceu consideravelmente e isso levou ao aumento da demanda de professores, assim como à ampliação industrial e comercial. Os empregadores compreenderam que poderiam contratar mulheres para ocupar postos em escritórios e no ensino básico por salários mais baixos.
A lógica dos menores salários se baseava no fato de que os homens, em teoria, precisavam receber mais para poder sustentar a família. As mulheres que atuavam no mercado de trabalho, em sua maioria eram solteiras e sem dependentes.
O começo da Terceira Revolução Industrial e o início do uso de tecnologias digitais, na década de 1970, foram o pano de fundo da saída das mulheres casadas da posição de donas de casa. Universidades passaram a abrir as portas para que as mulheres estudassem e tivessem profissões antes exclusivas dos homens.
Embora ainda existisse diferença salarial em comparação com os homens, houve um aumento considerável, elas passaram a ganhar em média 60% do salário masculino. Nesse momento, estamos assistindo o desenrolar da chamada Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0. Estamos a um passo de concretizar feitos que eram relegados a histórias de ficção científica.
Nesse contexto, papéis específicos de gênero podem se transformar. Há a possibilidade de reverter estereótipos e focar apenas no talento humano para determinadas atividades, independente do gênero.
Há a esperança de que as diferenças sexistas sejam deixadas no passado nesse novo contexto, no entanto, ainda há uma série de desafios. Um dos principais é o das diferenças salariais entre homens e mulheres. Cada vez mais movimentos feministas vêm chamando a atenção para essa questão.
Além disso, ainda é importante que se estabeleçam formas de tornar o ambiente de trabalho socialmente mais seguro para as mulheres. O assédio, seja sexual ou moral, ainda está muito presente no ambiente corporativo.
Nos últimos anos, movimentos como o “Mee Too” (Eu Também) colocaram o tema do assédio sexual contra mulheres em pauta. Esses dois pontos ainda precisam ser mais debatidos e solucionados para que se caminhe rumo à igualdade de gêneros no mercado de trabalho.
Gostou de saber mais sobre a evolução da mulher no mercado de trabalho? Esse é um tema atual e, portanto, pode surgir em questões dos vestibulares ou como tema da redação.